Como selecionar e utilizar materiais para promover o desenvolvimento psicomotor na infância
MATERIAIS PARA ESTIMULAÇÃO PSICOMOTORA NA INFÂNCIA: Como selecionar e utilizar materiais para promover o desenvolvimento psicomotor na infância
Prof.: Júlia Eugênia Gonçalves
Um brinquedo
pedagógico não é, necessáriamente um material para estimulação
psicomotora. Para se enquadrar neste conceito, é preciso que o objeto (
pode ser um brinquedo ) contribua para o desenvolvimento de funções
psicomotoras, tais como o estabelecimento de relações,simetria, punção,
tônus muscular etc.
Objetivo
Concluir a
apresentação dos materiais para estimulação psicomotora selecionados e
apresentar indicações de uso de cada categoria,relacionadas ao tipo e
características do material e à idade da criança.
Alinhavos
Os alinhavos são materiais que estimulam a coordenação viso-motora, a direcionalidade e o controle do tônus muscular.
Existem modelos disponíveis no comércio, estruturados em vários materiais, desde peças de madeira a emborrachados e tecidos.
Dependendo do
tipo da figura, os alinhavos podem servir para a ampliação de
conhecimentos de diversas áreas e para serem usados com crianças de
diversas idades.
É preciso ter
cuidado na escolha do material! À crianças pequenas não devem ser
oferecidas agulhas, mesmo que sejam sem ponta, porque podem oferecer
perigo de acidentes. O mais indicado é um cordão de sapato ou fios de lã
ou barbante com as pontas envolvidas em cola plástica, de forma que
estejam endurecidas e facilitem o trabalho.
Com crianças
muito agitadas ou hiperativas os alinhavos trazem como resultado, além
do que já foi citado, maior concentração e controle da impulsividade.
Exemplos de alinhavos em peças de madeira:
Exemplo de alinhavos em peça de emborrachado ou E.V.A.
Dica
É preciso ter
cuidado na escolha do material! À crianças pequenas não devem ser
oferecidas agulhas, mesmo que sejam sem ponta, porque podem oferecer
perigo de acidentes.
Tramas
As tramas são
materiais que estimulam a coordenação viso-motora, o movimento de
oposição polegar indicador e o senso estético. Além disso, possibilitam a
percepção da noção de série, pela sequência de cores que podem ser
variadas
Há tramas
feitas de papel, tecido ou plástico. Consistem no entrelaçamento de
tiras umas sobre as outras, formando um verdadeiro tecido.
Exemplo:
O material
mais utilizado para o trabalho com tramas junto às crianças é o papel. O
ideal é que sejam usados papéis mais espessos do que aqueles que se
usam para escrever, mas que sejam flexíveis a ponto de serem
entrelaçados. Caso sejam usados tecidos, devem ser de algodão e com
espessura similar a do brim.
A preparação
do material é muito importante. A tarefa é entrelaçar tiras previamente
cortadas sobre uma base preparada para este fim.
A melhor maneira de ser cortar as tiras é exemplificada abaixo:
A base pode
ter a forma quadrada ou retangular. Depois de devidamente dividida em
parte iguais, com o auxílio de um estilete são feitos os cortes tento o
cuidado de não romper as extremidades, que devem ficar intactas.
Veja os passos, na figura abaixo:
As tramas
podem ser simples, ou duplas, dependendo da habilidade já desenvolvida e
do objetivo que se pretende alcançar. Uma trama simples é aquela na
qual a tira é entrelaçada da seguinte maneira: uma tira da base por
cima, uma tira da base por baixo daquela que está sendo entremedada.
Dica
O segredo nas tramas é não entregar às crianças os fios soltos, isolados entre si.
Enfiagens
A ação de
enfiar é uma das que mais desenvolve a coordenação viso-motora e a
direcionalidade. Tal atividade pode também ser útil quando se pretende
trabalhar noções matemáticas importantes para a construção da idéia de
número, tais como as de ordem e série.
O importante é
a escolha do material. As contas ou qualquer outro material utilizado
não devem ser muito pequenos, porque o tamanho está intimamente ligado à
habilidade necessária para o seu menuseio. Quanto menor o material,
mais habilidade manual exige. O fio não deve ser muito fino e tem que
possuir a flexibilidade necessária para que as crianças possam
manuseá-lo sem muito esforço e tensão suficiente para que os objetos não
se soltem durante a enfiagem. Os mais indicados são os de algodão.
Exemplos de enfiagens:
Dobraduras
As dobraduras
são conhecidas praticamente em todos os países do mundo, associadas à
arte e beleza. Tornaram-se muito populares no Japão, onde se atribui sua
origem. Os famosos “origamis” japoneses são conhecidos mundialmente e
nada mais são do que dobraduras, como seu nome indica: Ori significa
dobrar, e Kami significa ao mesmo tempo papel e Deus, uma indicação da
importância do papel para os japoneses.
Os árabes
descobriram as dobraduras no século VIII, mas estas técnicas só chegaram
à Espanha no século XII com as invasões mulçumanas. Da Península
Ibérica alcançaram a América. Entre nós é comum que crianças brinquem
dobrando papel e criando aviõezinhos e barquinhos.
O uso de
dobraduras na educação foi uma iniciativa de Friedrich Froebel, educador
alemão criador do "kindergarten" (jardim da infância). Em sua teoria
educacional a dobradura é enfocada de três maneiras:
- Dobras
de verdade: que trabalhavam com a geometria elementar com a intenção de
que as crianças descobrissem por si só os princípios da geometria
Euclidiana;
- Dobras
da vida: onde noções básicas de dobradura têm como finalidade chegar às
dobras tradicionais de pássaros e animais. Esse estágio não foi muito
levado a sério pelos seguidores de Froebel, por considerarem como mera
seqüência de memorização de dobraduras, sem nenhuma exploração da
criatividade infantil;
- Dobras
da beleza: a grande contribuição de Froebel, e cuja intenção é levar à
criatividade e à arte. As crianças eram encorajadas a guardarem suas
coleções em álbuns ou em caixas. Muitas coleções datam do século 19 e
alguns desses álbuns podem ser encontrados em museus da Europa.
Atualmente
não se discute a importância das dobraduras como estímulo psicomotor,
pois desenvolvem habilidades motoras com ênfase no desenvolvimento da
organização, na elaboração de seqüências de atividades, na memorização
de passos e coordenação motora fina do aluno. O produto final das
dobraduras, além de um incentivo à realização pessoal e à auto-estima, é
uma forma de desenvolvimento do senso estético.
Exemplos de dobraduras:
As dobraduras
são úteis, ainda, para desenvolver conceitos básicos de geometria. Em
barquinhos, balões, chapéus de soldado, pirâmides, cubos e outros
sólidos geométricos, estão presentes linhas, ângulos e vértices. Desse
modo, a criança tem chance de visualizar conceitos abstratos, como
superfícies, linhas e pontos. Também é possível construir figuras planas
— quadrados, retângulos e triângulos —, que vão ajudar na explicação de
ângulos, diagonais e lados.
Gradação e utilização dos materiais para estimulação psicomotora
Plantados e Encaixes
Idade
|
Número de eixos
|
Número de cortes
|
Tipos de cortes
|
Tipo e número de imagens
|
3 anos a 3 anos e meio
|
1
|
1
|
autocorretivos
|
Uma única imagem de um só lado do encaixe.
|
2
|
1
|
autocorretivos
| ||
3 anos e meio e 4 anos
|
1
|
2 a 3
|
autocorretivo
|
Uma imagem em ambos os lados
|
2
|
2 a 3
|
autocorretivo
|
Objetos ou cenas simples em um ou ambos os lados
| |
1
|
1 a 2
|
reto
|
A gradação de
uso dos encaixes figurativos tipo quebra-cabeças verticais depende da
análise dos seguintes elementos que o configuram: números de eixos,
números de cortes, tipo e numero de imagens.
Idade
|
Número de eixos
|
Número de cortes
|
Tipos de cortes
|
Tipo e número de imagens
|
4 a 5 anos
|
1
|
2 a 3
|
retos
|
Objetos ou cenas em ambos os lados
|
2
|
3 a 4
|
retos
| ||
5 anos em diante
|
3
|
5 a 6
|
retos
|
Objetos ou cenas com detalhes em ambos os lados
|
Os encaixes
planos podem ser utilizados com crianças de três, quatro e cinco anos. O
fato de ser um material autocorretivo possibilita o seu uso antes dos
outros materiais representativos nos quais a forma aparece desenhada em
duas dimensões, como os lotos e dominós.
A gradação é estabelecida tendo em vista:
- A quantidade de contornos da figura.
- A quantidade de partes em que a figura é dividida.
Idade
|
Quantidade de figuras
|
Contorno
|
Corte
|
3 anos
|
1 a 3
|
Simples
|
Sem cortes, até 3 cortes lógicos no total
|
4 anos
|
Até 5
|
Simples
|
Sem cortes
|
1 a 4
|
Simples
|
Até 9 cortes lógicos no total
| |
5 anos
|
Até 10
|
Simples
|
Sem cortes
|
Mais de 10
|
Mais complexo
|
Com até 16 cortes lógicos
|
Os quebra-cabeças
Os
quebra-cabeças são jogos que desenvolvem fundamentalmente, mediante
exercícios manuais de coordenação viso-motora, a capacidade de análise e
síntese por meio de sucessivas desintegrações e integrações do “todo” e
suas partes.
A criança pode ser iniciada neste jogo a partir dos três anos.
A gradação de seu uso está determinada pela análise dos seguintes elementos:
1. qualidade e quantidade das figuras que compõem a imagem total da prancha.
2. qualidade e quantidade dos cortes nos quais está dividida a imagem total dos quebra-cabeças.
Quanto à qualidade e quantidade de figuras, sugerimos a seguinte progressão:
Idade
|
Quantidade
|
Qualidade
|
3 anos
|
1
|
Figura grande, que represente um ser ou objeto familiar à criança
|
3 anos e meio a 4 anos
|
2 a 4
|
Figuras integradas em cenas simples, pertencentes ao mundo de experiências da criança
|
4 a 5 anos
|
2 a 4
|
Figuras geométricas com alguma abstração
|
5 anos em diante
|
Várias
|
Cenas complexas com elementos que guiem a recomposição, tal como a cor, a linha, etc...
|
Os Lotos
Os lotos são
jogos para desenvolver a atenção e mobilizar diferentes componentes da
atividade mental, segundo os mecanismos que intervêm na organização das
respostas:
1. Os lotos de igualdade promovem a observação e a capacidade discriminativa;
2. Os
lotos de integração parte-todo desenvolvem o poder de análise e
síntese, por intermédio da dissociação e recomposição dos elementos que
compõem o todo;
3. Os lotos de relações promovem a associação de diferentes esquemas perceptomotores estimulando a integração dos mesmos.
As crianças podem jogar com lotos, de maneira individual, a partir de três anos e meio.
A quantidade de divisões da prancha é um dos indicadores que determina os níveis de adequação:
- 3 anos e meio a 4 anos - 4 a 6 divisões.
- 4 a 5 anos - 6 a 8 divisões.
- 5 a 6 anos - 8 ou mais, segundo o tipo de exercitação.
Apesar de
termos assinalado os três anos e meio como a idade propriamente adequada
para se dar inicio ao trabalho com os lotos, convém destacar que os
lotos devem ser apresentados à criança depois da manipulação de jogos
tridimensionais (cubos, plantados, encaixes), assim como depois dos
encaixes planos que, por serem autocorretivos, são mais simples de
manejar e preparam a criança para o uso de materiais menos estruturados.
Dos três
tipos de lotos mencionados, sugerimos iniciar pelos de igualdade, pois
eles respondem à tendência sincrética e globalizadora do pensamento
préconceitual do período pré-operatório e oferecem modelos que
constituem a base para observar, comparar, estabelecer semelhanças e
diferenças.
Os lotos de
integração parte-todo poderão ser utilizados a partir dos quatro anos e
meio, pois apresentam alguma dificuldade em função da irreversibilidade
do pensamento nesta fase, mas, por sua vez, já são melhor assimilados
por que a função semiótica mais desenvolvida já lhes possibilita lidar
com elementos que simbolizam o todo.
Os lotos de
relações podem ser utilizados quando a criança já possui reversibilidade
ao menos articulada. Aconselhamos iniciar pelos lotos que estabelecem
relações vinculadas às características perceptivas dos objetos. Em
seguida, serão trabalhadas relações mais complexas, vinculadas a
situações onde intervêm outros componentes, formando conjuntos.
Os Dominós
A gradação e utilização dos dominós é muito semelhante a dos lotos.
Podem ser
apresentados às crianças a partir de três anos e meio, iniciando-se
pelos de igualdade. Entre os quatro e quatro anos e meio podem ser
oferecidos os mais simples de integração parte-todo para, finalmente,
por volta dos cinco anos trabalharmos os dominós de relações, dentre os
quais devemos seguir a mesma ordem:
- relação de objetos e formas;
- relação de objetos e cores;
- relação de conjunto, pertinência, casualidade etc...
Quanto ao
modo de utilização, aconselhamos que sejam jogados inicialmente de
maneira individual, em versões simples, e, a partir dos cinco anos, como
jogo coletivo, em versões mais complexas, com regras.
Jogos de Pareamento
Como a ação
de parear é baseada na percepção de semelhanças e diferenças, estes
jogos podem ser utilizados com crianças a partir de quatro anos de
idade, quando geralmente são capazes deste tipo de percepção. A escolha
do material deve levar em consideração o tipo de figura e a relação do
pareamento. As relações de igualdade ou identidade de formas e cores são
as mais simples para crianças pequenas e podem ser seguidas por outras
mais complexas tais como: integração parte/todo, análise/síntese, etc.
Os jogos de “memória”
Estes jogos,
de estrutura mais complexa porque possuem regras a serem seguidas, devem
ser iniciados em tomo de cinco anos. Antes desta idade sugerimos que
sejam jogados apenas como exercício individual de pareamento, a
princípio com dez peças e com figuras simples e únicas em cada peça.
O que irá
importar na sua aplicação será o tipo de figura utilizada e a sua
quantidade. Figuras muito complexas, com muitas características, são
mais difíceis de serem memorizadas do que figuras simples, com poucas
características. Peças com uma única figura são indicadas para crianças
com menos idade, antes dos cinco anos. A partir daí podem ser incluídas
peças com mais figuras, paulatinamente. O mesmo ocorre em relação ao
número de peças, que nos jogos indicados para os pequenos devem ser em
número de dez e a partir desta idade podem ser ampliadas.
Jogos de construção
Os jogos de
construção agradam às crianças desde muito cedo, como já foi dito
anteriormente. A princípio elas não percebem que o material possibilita a
criação de um “produto” e se comprazem em utilizar os jogos de
construção como exercício de empilhar/derrubar.
A partir de 5
anos, começam a se interessar por outros aspectos contidos nas peças,
tais como ilustrações, cores, etc.. e percebem que com aqueles materiais
podem “construir” algo. O papel do adulto como mediador, dirigindo a
observação da criança por meio de perguntas que a levem a pensar,
analisar e inferir a respeito das características do material,
possibilita descobertas que organizam a mente infantil e abrem espaços
para sua criatividade.
Os jogos de
construção por superposição de peças são os mais indicados para as
crianças menores, porque como não possuem encaixes, permitem a ação de
montar, derrubar, típica desta fase.
Em torno de 4
anos e meio a 5 anos as crianças passam a se interessar pelos jogos de
construção com encaixe de peças, como o lego.
Os jogos de construção podem ser usados nas seguintes modalidades:
1. como jogo de exercício, com crianças a partir de 12 meses;
2. como jogo simbólico, com crianças a partir de 4 anos;
3. como jogo de regras, com crianças a partir de 5, 6 anos.
Neste último
caso não se oferece um modelo à criança e isso vai exigir, além da
atenção, outros fatores, de estimulação psicomotora tais como a memória
visual e a capacidade de análise e síntese. O que vai determinar ou não a
utilização de modelos é o objetivo do trabalho de estimulação que se
pretende realizar e a idade da criança.
Jogos de Punção
Os jogos de
punção exigem um domínio de movimentos que crianças muito pequenas não
possuem. Por isso sugerimos que sejam iniciados em torno de 5 anos, 5
anos e meio, quando as habilidades requeridas para a aprendizagem da
leitura e da escrita precisam ser desenvolvidas.
Antes desta
idade existem atividades que desenvolvem a coordenação digital e que
devem ser realizadas com os pequenos: fazer bolinhas com os dedos usando
papel picado. O melhor material para este exercício é o papel de seda.
Nos jogos de
punção quanto menor a peça, mais difícil se torna segurá-la com o
polegar e indicador em oposição. Por isso, sugerimos que os primeiros
materiais sejam muito bem selecionados a fim de não afastar a criança
desta atividade tão importante para seu aprendizado futuro.
Alinhavos
Alinhavar não
é uma tarefa fácil para uma criança antes dos 5 anos de idade. Exige
bom desenvolvimento da direcionalidade, integração dos movimentos das
mãos e concentração. Os primeiros alinhavos devem conter elementos
figurativos, grandes, sem ângulos, constituídos apenas por linhas retas,
paralelas ou não. Os primeiros ângulos devem ser retos, para facilitar o
trabalho da criança. Figuras com linhas curvas e ângulos, devem ser
introduzidas aos poucos.
Tramas
As tramas são
outro tipo de material para estimulação psicomotora contra-indicado
para crianças pequenas, antes dos 5 anos, porque sua execução pressupõe a
introjeção de regras, o que não é concebido antes da entrada no
sub-período intuitivo do período operatório concreto, de acordo com a
teoria piagetiana.
Devem ser
introduzidas inicialmente tramas simples, em duas cores. A partir do
domínio da técnica e alcance dos objetivos relacionados à atenção e
concentração, são oferecidas tramas duplas ou triplas, envolvendo mais
de uma cor, trabalhando simultaneamente a noção de ordem. Os aspectos
estéticos devem ser sempre ressaltados, a fim de desenvolver na criança
este sentido.
Enfiagens
O trabalho
psicomotor com enfiagens pode ser iniciado a partir de 3 anos e meio, 4
anos, se for utilizado como mero jogo de exercício, sem que a criança
tenha que seguir determinada ordem ou seqüência. Será valioso no
desenvolvimento da direcionalidade a auxiliará na definição da
lateralidade se o adulto estiver atento para que a criança inicie e
termine o trabalho com a mesma mão (direita ou esquerda, tanto faz). A
mediação pode incluir ainda a nomeação das cores, das formas, de maneira
a trabalhar a constância destas percepções.
A partir de 5
anos, podem ser trabalhadas enfiagens com regras de ordenação de formas
, cores, tamanhos, dependendo do material disponível e da necessidade
de estimulação de cada criança.
Dica
Insistir para
que a criança utilize durante a ação a mesma mão, evitando que mude de
uma para outra durante a atividade, permite que ela assimile com qual
dos lados do corpo (direito ou esquerdo) tem maior habilidade e leva-a a
definir, desta forma, sua lateralidade.
Dobraduras
Desde os 2
anos as crianças podem fazer dobraduras. Antes de apresentá-las a essa
arte, porém, sugira atividades que agucem sua criatividade.Elas podem,
por exemplo, descobrir as características de diferentes papéis (sulfite,
cartolina, celofane, papelão). Devem ser incentivadas a manuseá-los
amassando as folhas. Outro exercício interessante é comparar sons
produzidos por papéis com diferentes sons do ambiente. Se sacudirem um
jornal, as crianças perceberão um barulho parecido com o da chuva.
Depois dessa iniciação, pode lhes ser pedido que dobrem uma folha de
papel ao meio e solicitadas a pensar se a figura formada se parece com
um avião ou com um guarda-chuva, por exemplo, sem inibir a imaginação de
outros objetos.
O origami é
ótimo para estimular a criança a mergulhar no mundo imaginário. Pode ser
utilizado como técnica para ilustrar histórias infantis. Crianças a
partir de 3 anos participam mais da atividade montando suas próprias
figuras enquanto ouvem a história. Inicialmente deverão dobrar papéis na
horizontal e na vertical. As primeiras dobraduras devem ser na
horizontal. Quando adquirir certa facilidade deve passar a dobrar na
vertical. Depois devem ser dadas as dobraduras na horizontal e na
vertical, concomitantemente.
Aos 3 anos e
meio a 4 anos a criança é capaz de fazer dobraduras na horizontal,
vertical e oblíqua, desde que não sejam muito complexas.
Como selecionar e utilizar materiais para promover o desenvolvimento psicomotor na infância
MATERIAIS PARA ESTIMULAÇÃO PSICOMOTORA NA INFÂNCIA: Como selecionar e utilizar materiais para promover o desenvolvimento psicomotor na infância
Prof.: Júlia Eugênia Gonçalves
Um brinquedo
pedagógico não é, necessáriamente um material para estimulação
psicomotora. Para se enquadrar neste conceito, é preciso que o objeto (
pode ser um brinquedo ) contribua para o desenvolvimento de funções
psicomotoras, tais como o estabelecimento de relações,simetria, punção,
tônus muscular etc.
Objetivo
Concluir a
apresentação dos materiais para estimulação psicomotora selecionados e
apresentar indicações de uso de cada categoria,relacionadas ao tipo e
características do material e à idade da criança.
Alinhavos
Os alinhavos são materiais que estimulam a coordenação viso-motora, a direcionalidade e o controle do tônus muscular.
Existem modelos disponíveis no comércio, estruturados em vários materiais, desde peças de madeira a emborrachados e tecidos.
Dependendo do
tipo da figura, os alinhavos podem servir para a ampliação de
conhecimentos de diversas áreas e para serem usados com crianças de
diversas idades.
É preciso ter
cuidado na escolha do material! À crianças pequenas não devem ser
oferecidas agulhas, mesmo que sejam sem ponta, porque podem oferecer
perigo de acidentes. O mais indicado é um cordão de sapato ou fios de lã
ou barbante com as pontas envolvidas em cola plástica, de forma que
estejam endurecidas e facilitem o trabalho.
Com crianças
muito agitadas ou hiperativas os alinhavos trazem como resultado, além
do que já foi citado, maior concentração e controle da impulsividade.
Exemplos de alinhavos em peças de madeira:
Exemplo de alinhavos em peça de emborrachado ou E.V.A.
Dica
É preciso ter
cuidado na escolha do material! À crianças pequenas não devem ser
oferecidas agulhas, mesmo que sejam sem ponta, porque podem oferecer
perigo de acidentes.
Tramas
As tramas são
materiais que estimulam a coordenação viso-motora, o movimento de
oposição polegar indicador e o senso estético. Além disso, possibilitam a
percepção da noção de série, pela sequência de cores que podem ser
variadas
Há tramas
feitas de papel, tecido ou plástico. Consistem no entrelaçamento de
tiras umas sobre as outras, formando um verdadeiro tecido.
Exemplo:
O material
mais utilizado para o trabalho com tramas junto às crianças é o papel. O
ideal é que sejam usados papéis mais espessos do que aqueles que se
usam para escrever, mas que sejam flexíveis a ponto de serem
entrelaçados. Caso sejam usados tecidos, devem ser de algodão e com
espessura similar a do brim.
A preparação
do material é muito importante. A tarefa é entrelaçar tiras previamente
cortadas sobre uma base preparada para este fim.
A melhor maneira de ser cortar as tiras é exemplificada abaixo:
A base pode
ter a forma quadrada ou retangular. Depois de devidamente dividida em
parte iguais, com o auxílio de um estilete são feitos os cortes tento o
cuidado de não romper as extremidades, que devem ficar intactas.
Veja os passos, na figura abaixo:
As tramas
podem ser simples, ou duplas, dependendo da habilidade já desenvolvida e
do objetivo que se pretende alcançar. Uma trama simples é aquela na
qual a tira é entrelaçada da seguinte maneira: uma tira da base por
cima, uma tira da base por baixo daquela que está sendo entremedada.
Dica
O segredo nas tramas é não entregar às crianças os fios soltos, isolados entre si.
Enfiagens
A ação de
enfiar é uma das que mais desenvolve a coordenação viso-motora e a
direcionalidade. Tal atividade pode também ser útil quando se pretende
trabalhar noções matemáticas importantes para a construção da idéia de
número, tais como as de ordem e série.
O importante é
a escolha do material. As contas ou qualquer outro material utilizado
não devem ser muito pequenos, porque o tamanho está intimamente ligado à
habilidade necessária para o seu menuseio. Quanto menor o material,
mais habilidade manual exige. O fio não deve ser muito fino e tem que
possuir a flexibilidade necessária para que as crianças possam
manuseá-lo sem muito esforço e tensão suficiente para que os objetos não
se soltem durante a enfiagem. Os mais indicados são os de algodão.
Exemplos de enfiagens:
Dobraduras
As dobraduras
são conhecidas praticamente em todos os países do mundo, associadas à
arte e beleza. Tornaram-se muito populares no Japão, onde se atribui sua
origem. Os famosos “origamis” japoneses são conhecidos mundialmente e
nada mais são do que dobraduras, como seu nome indica: Ori significa
dobrar, e Kami significa ao mesmo tempo papel e Deus, uma indicação da
importância do papel para os japoneses.
Os árabes
descobriram as dobraduras no século VIII, mas estas técnicas só chegaram
à Espanha no século XII com as invasões mulçumanas. Da Península
Ibérica alcançaram a América. Entre nós é comum que crianças brinquem
dobrando papel e criando aviõezinhos e barquinhos.
O uso de
dobraduras na educação foi uma iniciativa de Friedrich Froebel, educador
alemão criador do "kindergarten" (jardim da infância). Em sua teoria
educacional a dobradura é enfocada de três maneiras:
- Dobras
de verdade: que trabalhavam com a geometria elementar com a intenção de
que as crianças descobrissem por si só os princípios da geometria
Euclidiana;
- Dobras
da vida: onde noções básicas de dobradura têm como finalidade chegar às
dobras tradicionais de pássaros e animais. Esse estágio não foi muito
levado a sério pelos seguidores de Froebel, por considerarem como mera
seqüência de memorização de dobraduras, sem nenhuma exploração da
criatividade infantil;
- Dobras
da beleza: a grande contribuição de Froebel, e cuja intenção é levar à
criatividade e à arte. As crianças eram encorajadas a guardarem suas
coleções em álbuns ou em caixas. Muitas coleções datam do século 19 e
alguns desses álbuns podem ser encontrados em museus da Europa.
Atualmente
não se discute a importância das dobraduras como estímulo psicomotor,
pois desenvolvem habilidades motoras com ênfase no desenvolvimento da
organização, na elaboração de seqüências de atividades, na memorização
de passos e coordenação motora fina do aluno. O produto final das
dobraduras, além de um incentivo à realização pessoal e à auto-estima, é
uma forma de desenvolvimento do senso estético.
Exemplos de dobraduras:
As dobraduras
são úteis, ainda, para desenvolver conceitos básicos de geometria. Em
barquinhos, balões, chapéus de soldado, pirâmides, cubos e outros
sólidos geométricos, estão presentes linhas, ângulos e vértices. Desse
modo, a criança tem chance de visualizar conceitos abstratos, como
superfícies, linhas e pontos. Também é possível construir figuras planas
— quadrados, retângulos e triângulos —, que vão ajudar na explicação de
ângulos, diagonais e lados.
Gradação e utilização dos materiais para estimulação psicomotora
Plantados e Encaixes
Idade
|
Número de eixos
|
Número de cortes
|
Tipos de cortes
|
Tipo e número de imagens
|
3 anos a 3 anos e meio
|
1
|
1
|
autocorretivos
|
Uma única imagem de um só lado do encaixe.
|
2
|
1
|
autocorretivos
| ||
3 anos e meio e 4 anos
|
1
|
2 a 3
|
autocorretivo
|
Uma imagem em ambos os lados
|
2
|
2 a 3
|
autocorretivo
|
Objetos ou cenas simples em um ou ambos os lados
| |
1
|
1 a 2
|
reto
|
A gradação de
uso dos encaixes figurativos tipo quebra-cabeças verticais depende da
análise dos seguintes elementos que o configuram: números de eixos,
números de cortes, tipo e numero de imagens.
Idade
|
Número de eixos
|
Número de cortes
|
Tipos de cortes
|
Tipo e número de imagens
|
4 a 5 anos
|
1
|
2 a 3
|
retos
|
Objetos ou cenas em ambos os lados
|
2
|
3 a 4
|
retos
| ||
5 anos em diante
|
3
|
5 a 6
|
retos
|
Objetos ou cenas com detalhes em ambos os lados
|
Os encaixes
planos podem ser utilizados com crianças de três, quatro e cinco anos. O
fato de ser um material autocorretivo possibilita o seu uso antes dos
outros materiais representativos nos quais a forma aparece desenhada em
duas dimensões, como os lotos e dominós.
A gradação é estabelecida tendo em vista:
- A quantidade de contornos da figura.
- A quantidade de partes em que a figura é dividida.
Idade
|
Quantidade de figuras
|
Contorno
|
Corte
|
3 anos
|
1 a 3
|
Simples
|
Sem cortes, até 3 cortes lógicos no total
|
4 anos
|
Até 5
|
Simples
|
Sem cortes
|
1 a 4
|
Simples
|
Até 9 cortes lógicos no total
| |
5 anos
|
Até 10
|
Simples
|
Sem cortes
|
Mais de 10
|
Mais complexo
|
Com até 16 cortes lógicos
|
Os quebra-cabeças
Os
quebra-cabeças são jogos que desenvolvem fundamentalmente, mediante
exercícios manuais de coordenação viso-motora, a capacidade de análise e
síntese por meio de sucessivas desintegrações e integrações do “todo” e
suas partes.
A criança pode ser iniciada neste jogo a partir dos três anos.
A gradação de seu uso está determinada pela análise dos seguintes elementos:
1. qualidade e quantidade das figuras que compõem a imagem total da prancha.
2. qualidade e quantidade dos cortes nos quais está dividida a imagem total dos quebra-cabeças.
Quanto à qualidade e quantidade de figuras, sugerimos a seguinte progressão:
Idade
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Quantidade
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Qualidade
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3 anos
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1
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Figura grande, que represente um ser ou objeto familiar à criança
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3 anos e meio a 4 anos
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2 a 4
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Figuras integradas em cenas simples, pertencentes ao mundo de experiências da criança
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4 a 5 anos
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2 a 4
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Figuras geométricas com alguma abstração
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5 anos em diante
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Várias
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Cenas complexas com elementos que guiem a recomposição, tal como a cor, a linha, etc...
|
Os Lotos
Os lotos são
jogos para desenvolver a atenção e mobilizar diferentes componentes da
atividade mental, segundo os mecanismos que intervêm na organização das
respostas:
1. Os lotos de igualdade promovem a observação e a capacidade discriminativa;
2. Os
lotos de integração parte-todo desenvolvem o poder de análise e
síntese, por intermédio da dissociação e recomposição dos elementos que
compõem o todo;
3. Os lotos de relações promovem a associação de diferentes esquemas perceptomotores estimulando a integração dos mesmos.
As crianças podem jogar com lotos, de maneira individual, a partir de três anos e meio.
A quantidade de divisões da prancha é um dos indicadores que determina os níveis de adequação:
- 3 anos e meio a 4 anos - 4 a 6 divisões.
- 4 a 5 anos - 6 a 8 divisões.
- 5 a 6 anos - 8 ou mais, segundo o tipo de exercitação.
Apesar de
termos assinalado os três anos e meio como a idade propriamente adequada
para se dar inicio ao trabalho com os lotos, convém destacar que os
lotos devem ser apresentados à criança depois da manipulação de jogos
tridimensionais (cubos, plantados, encaixes), assim como depois dos
encaixes planos que, por serem autocorretivos, são mais simples de
manejar e preparam a criança para o uso de materiais menos estruturados.
Dos três
tipos de lotos mencionados, sugerimos iniciar pelos de igualdade, pois
eles respondem à tendência sincrética e globalizadora do pensamento
préconceitual do período pré-operatório e oferecem modelos que
constituem a base para observar, comparar, estabelecer semelhanças e
diferenças.
Os lotos de
integração parte-todo poderão ser utilizados a partir dos quatro anos e
meio, pois apresentam alguma dificuldade em função da irreversibilidade
do pensamento nesta fase, mas, por sua vez, já são melhor assimilados
por que a função semiótica mais desenvolvida já lhes possibilita lidar
com elementos que simbolizam o todo.
Os lotos de
relações podem ser utilizados quando a criança já possui reversibilidade
ao menos articulada. Aconselhamos iniciar pelos lotos que estabelecem
relações vinculadas às características perceptivas dos objetos. Em
seguida, serão trabalhadas relações mais complexas, vinculadas a
situações onde intervêm outros componentes, formando conjuntos.
Os Dominós
A gradação e utilização dos dominós é muito semelhante a dos lotos.
Podem ser
apresentados às crianças a partir de três anos e meio, iniciando-se
pelos de igualdade. Entre os quatro e quatro anos e meio podem ser
oferecidos os mais simples de integração parte-todo para, finalmente,
por volta dos cinco anos trabalharmos os dominós de relações, dentre os
quais devemos seguir a mesma ordem:
- relação de objetos e formas;
- relação de objetos e cores;
- relação de conjunto, pertinência, casualidade etc...
Quanto ao
modo de utilização, aconselhamos que sejam jogados inicialmente de
maneira individual, em versões simples, e, a partir dos cinco anos, como
jogo coletivo, em versões mais complexas, com regras.
Jogos de Pareamento
Como a ação
de parear é baseada na percepção de semelhanças e diferenças, estes
jogos podem ser utilizados com crianças a partir de quatro anos de
idade, quando geralmente são capazes deste tipo de percepção. A escolha
do material deve levar em consideração o tipo de figura e a relação do
pareamento. As relações de igualdade ou identidade de formas e cores são
as mais simples para crianças pequenas e podem ser seguidas por outras
mais complexas tais como: integração parte/todo, análise/síntese, etc.
Os jogos de “memória”
Estes jogos,
de estrutura mais complexa porque possuem regras a serem seguidas, devem
ser iniciados em tomo de cinco anos. Antes desta idade sugerimos que
sejam jogados apenas como exercício individual de pareamento, a
princípio com dez peças e com figuras simples e únicas em cada peça.
O que irá
importar na sua aplicação será o tipo de figura utilizada e a sua
quantidade. Figuras muito complexas, com muitas características, são
mais difíceis de serem memorizadas do que figuras simples, com poucas
características. Peças com uma única figura são indicadas para crianças
com menos idade, antes dos cinco anos. A partir daí podem ser incluídas
peças com mais figuras, paulatinamente. O mesmo ocorre em relação ao
número de peças, que nos jogos indicados para os pequenos devem ser em
número de dez e a partir desta idade podem ser ampliadas.
Jogos de construção
Os jogos de
construção agradam às crianças desde muito cedo, como já foi dito
anteriormente. A princípio elas não percebem que o material possibilita a
criação de um “produto” e se comprazem em utilizar os jogos de
construção como exercício de empilhar/derrubar.
A partir de 5
anos, começam a se interessar por outros aspectos contidos nas peças,
tais como ilustrações, cores, etc.. e percebem que com aqueles materiais
podem “construir” algo. O papel do adulto como mediador, dirigindo a
observação da criança por meio de perguntas que a levem a pensar,
analisar e inferir a respeito das características do material,
possibilita descobertas que organizam a mente infantil e abrem espaços
para sua criatividade.
Os jogos de
construção por superposição de peças são os mais indicados para as
crianças menores, porque como não possuem encaixes, permitem a ação de
montar, derrubar, típica desta fase.
Em torno de 4
anos e meio a 5 anos as crianças passam a se interessar pelos jogos de
construção com encaixe de peças, como o lego.
Os jogos de construção podem ser usados nas seguintes modalidades:
1. como jogo de exercício, com crianças a partir de 12 meses;
2. como jogo simbólico, com crianças a partir de 4 anos;
3. como jogo de regras, com crianças a partir de 5, 6 anos.
Neste último
caso não se oferece um modelo à criança e isso vai exigir, além da
atenção, outros fatores, de estimulação psicomotora tais como a memória
visual e a capacidade de análise e síntese. O que vai determinar ou não a
utilização de modelos é o objetivo do trabalho de estimulação que se
pretende realizar e a idade da criança.
Jogos de Punção
Os jogos de
punção exigem um domínio de movimentos que crianças muito pequenas não
possuem. Por isso sugerimos que sejam iniciados em torno de 5 anos, 5
anos e meio, quando as habilidades requeridas para a aprendizagem da
leitura e da escrita precisam ser desenvolvidas.
Antes desta
idade existem atividades que desenvolvem a coordenação digital e que
devem ser realizadas com os pequenos: fazer bolinhas com os dedos usando
papel picado. O melhor material para este exercício é o papel de seda.
Nos jogos de
punção quanto menor a peça, mais difícil se torna segurá-la com o
polegar e indicador em oposição. Por isso, sugerimos que os primeiros
materiais sejam muito bem selecionados a fim de não afastar a criança
desta atividade tão importante para seu aprendizado futuro.
Alinhavos
Alinhavar não
é uma tarefa fácil para uma criança antes dos 5 anos de idade. Exige
bom desenvolvimento da direcionalidade, integração dos movimentos das
mãos e concentração. Os primeiros alinhavos devem conter elementos
figurativos, grandes, sem ângulos, constituídos apenas por linhas retas,
paralelas ou não. Os primeiros ângulos devem ser retos, para facilitar o
trabalho da criança. Figuras com linhas curvas e ângulos, devem ser
introduzidas aos poucos.
Tramas
As tramas são
outro tipo de material para estimulação psicomotora contra-indicado
para crianças pequenas, antes dos 5 anos, porque sua execução pressupõe a
introjeção de regras, o que não é concebido antes da entrada no
sub-período intuitivo do período operatório concreto, de acordo com a
teoria piagetiana.
Devem ser
introduzidas inicialmente tramas simples, em duas cores. A partir do
domínio da técnica e alcance dos objetivos relacionados à atenção e
concentração, são oferecidas tramas duplas ou triplas, envolvendo mais
de uma cor, trabalhando simultaneamente a noção de ordem. Os aspectos
estéticos devem ser sempre ressaltados, a fim de desenvolver na criança
este sentido.
Enfiagens
O trabalho
psicomotor com enfiagens pode ser iniciado a partir de 3 anos e meio, 4
anos, se for utilizado como mero jogo de exercício, sem que a criança
tenha que seguir determinada ordem ou seqüência. Será valioso no
desenvolvimento da direcionalidade a auxiliará na definição da
lateralidade se o adulto estiver atento para que a criança inicie e
termine o trabalho com a mesma mão (direita ou esquerda, tanto faz). A
mediação pode incluir ainda a nomeação das cores, das formas, de maneira
a trabalhar a constância destas percepções.
A partir de 5
anos, podem ser trabalhadas enfiagens com regras de ordenação de formas
, cores, tamanhos, dependendo do material disponível e da necessidade
de estimulação de cada criança.
Dica
Insistir para
que a criança utilize durante a ação a mesma mão, evitando que mude de
uma para outra durante a atividade, permite que ela assimile com qual
dos lados do corpo (direito ou esquerdo) tem maior habilidade e leva-a a
definir, desta forma, sua lateralidade.
Dobraduras
Desde os 2
anos as crianças podem fazer dobraduras. Antes de apresentá-las a essa
arte, porém, sugira atividades que agucem sua criatividade.Elas podem,
por exemplo, descobrir as características de diferentes papéis (sulfite,
cartolina, celofane, papelão). Devem ser incentivadas a manuseá-los
amassando as folhas. Outro exercício interessante é comparar sons
produzidos por papéis com diferentes sons do ambiente. Se sacudirem um
jornal, as crianças perceberão um barulho parecido com o da chuva.
Depois dessa iniciação, pode lhes ser pedido que dobrem uma folha de
papel ao meio e solicitadas a pensar se a figura formada se parece com
um avião ou com um guarda-chuva, por exemplo, sem inibir a imaginação de
outros objetos.
O origami é
ótimo para estimular a criança a mergulhar no mundo imaginário. Pode ser
utilizado como técnica para ilustrar histórias infantis. Crianças a
partir de 3 anos participam mais da atividade montando suas próprias
figuras enquanto ouvem a história. Inicialmente deverão dobrar papéis na
horizontal e na vertical. As primeiras dobraduras devem ser na
horizontal. Quando adquirir certa facilidade deve passar a dobrar na
vertical. Depois devem ser dadas as dobraduras na horizontal e na
vertical, concomitantemente.
Aos 3 anos e
meio a 4 anos a criança é capaz de fazer dobraduras na horizontal,
vertical e oblíqua, desde que não sejam muito complexas.
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