Boneco alivia sofrimento de alunos em Bauru


Boneco alivia sofrimento de alunos em Bauru

Professora de filosofia e geografia, Elaine Mussi virou amiga confidente de alunos; cartinhas do boneco são guardadas em baú que só ela acessa
É na escola que muitos problemas sociais deságuam. E foi pensando no papel da educação para além dos muros e estrutura das unidades que uma professora de Bauru resolveu desenvolver uma ação pioneira que tem ajudado alunos a amenizarem suas dores emocionais, inquietações e angústias. O projeto "Coração" se resume em um boneco de cerca de 40 centímetros, que ganhou este nome e se tornou um instrumento de escuta. Ele recebe, em uma mochilinha, bilhetes nominais e anônimos de estudantes da escola estadual Ayrton Busch. A iniciativa surtiu tanto efeito que tem salvo adolescentes do suicídio e já apontou vítimas de violência sexual.

Cartas anônimas colocadas no Coração servem de alerta à equipe escolar

Cartas escritas por estudantes revelam sentimentos como angústia, sofrimento e dificuldades
É que as mensagens, assim que colocadas nas costas do boneco, são lidas pela professora Elaine Mussi Hunzecher Quaglio, que oficialmente ministra aulas de filosofia e geografia na escola desde 2011, mas conquistou a amizade e confiança dos alunos.
Bilhetes são colocados em mochilinha nas costas do boneco; só quem escreve ou a professora têm acesso

As queixas escritas são lidas apenas pela professora e pelo aluno que a escreveu. Elaine, então, conversa e faz a intermediação das situações mais graves junto à direção do colégio e com os pais. "É incrível como todos respeitam e cuidam do Coração. Tem até disputa para ver quem vai ficar com ele no intervalo. E a regra é clara: no fim das aulas, ele deve voltar para mim, ou quando eles sentem que há algum bilhete na mochilinha", cita a professora. As cartas são guardadas por Elaine em um pequeno baú que só ela tem acesso.
Projeto Coração, iniciado por docente na escola estadual Ayrton Busch, localizada no Parque Jaraguá, tem ajudado estudantes a enfrentar e superar sofrimentos pessoais. Unidade atende 1 mil alunos de 7 a 18 anos

E a atividade extra, como é recompensada? "Não me sinto levando trabalho a mais para casa, mas sim plena por ajudar as crianças a se tornarem adultos melhores", afirma a professora.
OS BILHETES
O boneco recebe ainda informações sobre dificuldade escolar, bullying e sugestões de temas de aula. Quando o recado tem nome, Elaine propicia momentos discretos para escuta e, se necessário e com a anuência do estudante, encaminha o caso para a mediação escolar.
Boneco Coração recebe bilhetes de alunos e ajuda escola a resolver conflitos

Já as mensagens anônimas devem conter a sala de aula do solicitante. Assim, a professora estabelece diálogos temáticos com a classe. "Uma aluna pediu para abordar sobre violência sexual. Outro pediu para abordar sobre HIV. Teve também quem compartilhasse o desejo de pôr fim em sua vida", resume a Elaine. "Conseguimos, recentemente, intervir em uma tentativa de suicídio, em uma madrugada de domingo. A aluna havia se cortado e tomado remédio e soubemos por meio de denúncia feita via Coração. Acionamos a irmã e ela foi socorrida a tempo", observa.
O BONECO
O boneco surgiu em junho de 2011, após Elaine orientar uma aluna. "Percebi que nem sempre eles deixam sinais visíveis de que necessitam de ajuda", detalha a educadora.
Coração é articulado e não se enquadra como menino nem menina, também não tem a cor da pele definida, o cabelo é colorido e seu semblante alegre. "Uma ex-aluna de psicologia da Unesp, a Monique Motta, me ajudou a dar vida à ideia", detalha a professora, ressaltando que a ação tem estimulado alunos a ouvirem, verem, lerem e sentirem a dor dos outros.
"Eles encorajam amigos tristes a escreverem bilhetes ao Coração", completa.

Violência sexual

Aluno contou ao boneco ter sido vítima de violência sexual
Aluno contou ao boneco ter sido vítima de violência sexual; agressor acabou preso

Vítima de violência sexual cometida por um parente próximo quando tinha 10 anos, um aluno da escola viu no boneco a melhor saída para colocar fim ao seu sofrimento, em maio deste ano. Menos de duas semanas após a denúncia ser lida pela professora, o homem foi preso na escola com a presença da polícia. "Se o Coração não existisse, eu acho que nunca conseguiria falar para ninguém. Tinha medo de as pessoas acharem que a culpa era minha e medo de que espalhassem ou me julgassem", diz a criança, que recebe acompanhamento psicológico. 

Ansiedade atrapalhava estudos

Após bilhete escrito para o Coração, Layza Batista iniciou terapia
Entre as dezenas de cartinhas, a da aluna Layza Batista, 14 anos, aluna do 9.º ano da escola, pedia ajuda para melhorar nos estudos. Em conversa com a professora e a equipe de mediação, a família entendeu que a terapia ajudaria a garota a lidar com a ansiedade e outros problemas. "Foi muito importante para mim. O Coração é uma forma incrível de ajudar as pessoas sem receber nada em troca", diz a garota.

'Me acalma'

Linda Araújo não desgruda mais do boneco e procura contar todas as suas aflições para ele
Outra grande amiga do Coração é a Linda Araújo, 15 anos, do 9.º ano. Inquieta e nervosa durante as aulas, ela conta ter se acalmado depois da amizade. "Tudo que não podia contar para alguém conto para ele e ele me ajuda. No início, eu achava a professora doida e o boneco bobo, mas hoje não fico sem, adoro os conselhos. Quero continuar essa amizade mesmo depois que terminar escola", aponta Linda.

Assista o vídeo com a belíssima canção feita pela aluna Geovanna em homenagem ao trabalho e o que representa o Coração para os alunos da escola Ayrton Busch... Geovanna Santos nos brindou com letra, arranjo e voz... 


Projeto lindo! Emocionante!!!



Boneco alivia sofrimento de alunos em Bauru

Professora de filosofia e geografia, Elaine Mussi virou amiga confidente de alunos; cartinhas do boneco são guardadas em baú que só ela acessa
É na escola que muitos problemas sociais deságuam. E foi pensando no papel da educação para além dos muros e estrutura das unidades que uma professora de Bauru resolveu desenvolver uma ação pioneira que tem ajudado alunos a amenizarem suas dores emocionais, inquietações e angústias. O projeto "Coração" se resume em um boneco de cerca de 40 centímetros, que ganhou este nome e se tornou um instrumento de escuta. Ele recebe, em uma mochilinha, bilhetes nominais e anônimos de estudantes da escola estadual Ayrton Busch. A iniciativa surtiu tanto efeito que tem salvo adolescentes do suicídio e já apontou vítimas de violência sexual.

Cartas anônimas colocadas no Coração servem de alerta à equipe escolar

Cartas escritas por estudantes revelam sentimentos como angústia, sofrimento e dificuldades
É que as mensagens, assim que colocadas nas costas do boneco, são lidas pela professora Elaine Mussi Hunzecher Quaglio, que oficialmente ministra aulas de filosofia e geografia na escola desde 2011, mas conquistou a amizade e confiança dos alunos.
Bilhetes são colocados em mochilinha nas costas do boneco; só quem escreve ou a professora têm acesso

As queixas escritas são lidas apenas pela professora e pelo aluno que a escreveu. Elaine, então, conversa e faz a intermediação das situações mais graves junto à direção do colégio e com os pais. "É incrível como todos respeitam e cuidam do Coração. Tem até disputa para ver quem vai ficar com ele no intervalo. E a regra é clara: no fim das aulas, ele deve voltar para mim, ou quando eles sentem que há algum bilhete na mochilinha", cita a professora. As cartas são guardadas por Elaine em um pequeno baú que só ela tem acesso.
Projeto Coração, iniciado por docente na escola estadual Ayrton Busch, localizada no Parque Jaraguá, tem ajudado estudantes a enfrentar e superar sofrimentos pessoais. Unidade atende 1 mil alunos de 7 a 18 anos

E a atividade extra, como é recompensada? "Não me sinto levando trabalho a mais para casa, mas sim plena por ajudar as crianças a se tornarem adultos melhores", afirma a professora.
OS BILHETES
O boneco recebe ainda informações sobre dificuldade escolar, bullying e sugestões de temas de aula. Quando o recado tem nome, Elaine propicia momentos discretos para escuta e, se necessário e com a anuência do estudante, encaminha o caso para a mediação escolar.
Boneco Coração recebe bilhetes de alunos e ajuda escola a resolver conflitos

Já as mensagens anônimas devem conter a sala de aula do solicitante. Assim, a professora estabelece diálogos temáticos com a classe. "Uma aluna pediu para abordar sobre violência sexual. Outro pediu para abordar sobre HIV. Teve também quem compartilhasse o desejo de pôr fim em sua vida", resume a Elaine. "Conseguimos, recentemente, intervir em uma tentativa de suicídio, em uma madrugada de domingo. A aluna havia se cortado e tomado remédio e soubemos por meio de denúncia feita via Coração. Acionamos a irmã e ela foi socorrida a tempo", observa.
O BONECO
O boneco surgiu em junho de 2011, após Elaine orientar uma aluna. "Percebi que nem sempre eles deixam sinais visíveis de que necessitam de ajuda", detalha a educadora.
Coração é articulado e não se enquadra como menino nem menina, também não tem a cor da pele definida, o cabelo é colorido e seu semblante alegre. "Uma ex-aluna de psicologia da Unesp, a Monique Motta, me ajudou a dar vida à ideia", detalha a professora, ressaltando que a ação tem estimulado alunos a ouvirem, verem, lerem e sentirem a dor dos outros.
"Eles encorajam amigos tristes a escreverem bilhetes ao Coração", completa.

Violência sexual

Aluno contou ao boneco ter sido vítima de violência sexual
Aluno contou ao boneco ter sido vítima de violência sexual; agressor acabou preso

Vítima de violência sexual cometida por um parente próximo quando tinha 10 anos, um aluno da escola viu no boneco a melhor saída para colocar fim ao seu sofrimento, em maio deste ano. Menos de duas semanas após a denúncia ser lida pela professora, o homem foi preso na escola com a presença da polícia. "Se o Coração não existisse, eu acho que nunca conseguiria falar para ninguém. Tinha medo de as pessoas acharem que a culpa era minha e medo de que espalhassem ou me julgassem", diz a criança, que recebe acompanhamento psicológico. 

Ansiedade atrapalhava estudos

Após bilhete escrito para o Coração, Layza Batista iniciou terapia
Entre as dezenas de cartinhas, a da aluna Layza Batista, 14 anos, aluna do 9.º ano da escola, pedia ajuda para melhorar nos estudos. Em conversa com a professora e a equipe de mediação, a família entendeu que a terapia ajudaria a garota a lidar com a ansiedade e outros problemas. "Foi muito importante para mim. O Coração é uma forma incrível de ajudar as pessoas sem receber nada em troca", diz a garota.

'Me acalma'

Linda Araújo não desgruda mais do boneco e procura contar todas as suas aflições para ele
Outra grande amiga do Coração é a Linda Araújo, 15 anos, do 9.º ano. Inquieta e nervosa durante as aulas, ela conta ter se acalmado depois da amizade. "Tudo que não podia contar para alguém conto para ele e ele me ajuda. No início, eu achava a professora doida e o boneco bobo, mas hoje não fico sem, adoro os conselhos. Quero continuar essa amizade mesmo depois que terminar escola", aponta Linda.

Assista o vídeo com a belíssima canção feita pela aluna Geovanna em homenagem ao trabalho e o que representa o Coração para os alunos da escola Ayrton Busch... Geovanna Santos nos brindou com letra, arranjo e voz... 


Projeto lindo! Emocionante!!!



Nenhum comentário:

Postar um comentário