DISCALCULIA: Diagnóstico e Intervenção Psicopedagógica



A Discalculia, como os demais distúrbios, é uma disfunção neuropsicológica que interfere na aprendizagem da aritmética e gera dificuldades para lidar com cálculos e tudo que envolve sequência lógica. A matemática é uma ferramenta essencial para a sobrevivência do homem na sociedade cuja prática está inserida em nossa rotina, (VYGOTSKY apud SILVA, 2008, p. 11). Para o discalcúlico, a incapacidade aritmética acarreta prejuízos significativos por fracassos em tarefas diárias que revelam seu déficit e fazem emergir problemas sócios afetivos.
A discalculia é observada em indivíduos cuja inteligência é normal ou acima da média e que não apresentam deficiência auditiva, visual ou física, mas que falham no raciocínio lógico-matemático que se apresenta inferior à média esperada para sua idade cronológica, capacidade intelectual e nível de escolaridade. 
Os portadores desta desordem podem apresentar o comprometimento de outras habilidades importantes como:
    Habilidade Linguística (compreensão através da leitura e Conceitos escritos),
   Habilidade Perceptiva (reconhecimento de símbolos numéricos e discriminação de conjunto),
     Habilidade Atentiva (cópia correta e observação dos sinais na operação matemática) e
    Habilidade Matemática (cálculos em geral, capacidade de lidar com números no cotidiano, noção de espaço e tempo, e sequenciação como, por exemplo, os meses do ano e dias da semana). 
A Discalculia, por apresentar diferentes características relacionadas aos transtornos matemáticos, foi classificada em seis subtipos, pelos teóricos Johson e Myklebust (apud SILVA, 2008, p. 18):
Discalculia Verbal – dificuldades para nomear quantidades matemáticas, números, termos, símbolos e relações;
Discalculia Practognóstica - dificuldade para enumerar, comparar e manipular objetos, reais ou em imagens, matematicamente;
Discalculia Léxica – dificuldade na leitura de símbolos matemáticos;
Discalculia Gráfica – dificuldades na escrita de símbolos matemáticos;
Discalculia Ideognóstica – dificuldade em fazer operações mentais e na compreensão de conceitos matemáticos;
Discalculia Operacional – dificuldades na execução de operações e cálculos numéricos. 

Borges (2008) apresenta, ainda, outras duas desordens identificadas dentro da problemática discalcúlica:
Distúrbio de linguagem receptivo-auditiva e aritmética: O indivíduo é bem sucedido em cálculos, porém é inferior no que se refere ao raciocínio e vocabulário aritméticos.
Apresenta problemas de reorganização auditiva; não se recorda de números com agilidade (pode reconhecê-lo quando ouve, mas nem sempre consegue dizê-lo quando quer) e não é capaz de guardar os fatos quando ouve os enunciados quando apresentados oralmente.
Distúrbio de leitura e aritmética: É a relação Discalculia-Dislexia já descrita por muitos teóricos como Kirk e Gallagher (1999). Dá-se quando a Discalculia é originada por fatores também relacionados à Dislexia, pois ambas possuem aspectos relevantes no que diz respeito à  memória  temporária,  leitura  e  escrita.  Neste caso, o indivíduo apresenta dificuldades na compreensão leitora dos enunciados, inversões e distorções de numerais e dificuldades de se lembrar da aparência dos números. O indivíduo é incapaz de decodificar os símbolos e grafemas matemáticos, no entanto, é perfeitamente capaz de calcular quando os exercícios e enunciados são lidos em voz alta para ele. 
ETIOLOGIA
A etiologia desta desordem não é explicada por uma  causa única e simples, mas podem-se encontrar associações a fatores que problematizam o domínio da leitura e/ou da escrita. Estes fatores podem ter sua origem em causas pedagógicas, disfunções do sistema nervoso central e limitações na capacidade intelectual. Silva (2008) aponta 5 elementos que possivelmente estão relacionados à causa da Discalculia:
Imaturidade Neurológica: O bom desenvolvimento neurológico é fundamental para um funcionamento adequado do SNC e funções que se estabelecem de forma cronológica.
A imaturidade neurológica é apresentada em três graus leve (cuja reação é favorável à intervenção terapêutica), médio (representa o grau da maioria dos indivíduos com dificuldades em matemática) e limite (déficit intelectual provocado por lesão neurológica).
Fatores Linguísticos: A linguagem é essencial para a compreensão aritmética e dificuldades na interiorização da linguagem resultam na incapacidade de elaborar o pensamento.
Silva (2008, p. 20) diz que "[...] a resolução de problemas envolvem muitas questões de linguagem além da matemática". Portanto, sem o domínio linguístico, a decodificação do símbolo oral, sua quantidade e representação gráfica serão deficientes.
Fatores Psicológicos: Se dão através das alterações psíquicas no controle das funções de memória, atenção, percepção etc. 
Fatores Genéticos: Ainda se estudam o "gen" responsável pela herança destes distúrbios, mas nada foi confirmado até o momento. Contudo, já foram registrados casos significativos de discalcúlicos com antecedentes familiares. 
Fatores pedagógicos: Possíveis problemas no ensino de habilidades matemáticas e psicomotoras durante a fase de desenvolvimento e aquisição de tais funções.
COMO DIAGNOSTICAR A DISCALCULIA
Como já mencionado, a Discalculia não têm especificamente uma única causa, mas um conjunto delas que se relacionados a fatores internos e externos do sujeito é possível diagnosticá-la com sucesso e determinar seu tipo. Como todo distúrbio de aprendizagem, o processo de diagnóstico da discalculia requer observação minuciosa e atenção aos sintomas e fatores contribuintes.  Fatores internos e externos: Memória, atenção, percepção-motora, organização espacial, habilidade verbal, falta de consciência, falhas estratégicas, dificuldades em operacionalizar funções matemáticas simples, maneiras de se ensinar e aprender as habilidades aritméticas, ambiente de estudo e familiar, entre outros.
Uma observação importante feita por Silva (p. 24) é a de que o portador de discalculia escreve pouco por medo de errar, suas respostas são geralmente monossilábicas e dificilmente se expõe em atividades em grupo. Durante as sessões de diagnóstico de uma pessoa com suspeita de Discalculia é importante ficar atento aos sintomas e investigar seu histórico. 
Um discalcúlico apresenta:
    Lentidão extrema na realização das atividades aritméticas;
Dificuldades de orientação espacial;
   Dificuldades para lidar com operações matemáticas (adição, divisão, subtração, multiplicação);
    Dificuldade de memória de curto e longo prazo; 
    Dificuldades em seguir ordens  ou informações simultaneamente;
Problemas com a coordenação motora fina, ampla e perceptivo-tátil;
Dificuldades em armazenar informações;
Confusões com símbolos matemáticos;
Dificuldades para entender o vocabulário que define operações matemáticas;
Dificuldades com a sequenciação numérica (antecessor/sucessor);
Problemas relativos à Dislexia (processamento de linguagem);
Incapacidade para montar operações;
Ausência de problemas fonológicos;
Dificuldades em estabelecer correspondência quantitativa (ex: relacionar números de carteiras com números de aluno);
Dificuldades em relacionar grafemas matemáticos às respectivas quantidades;
Dificuldades em relacionar grafemas matemáticos ao seus símbolos auditivos;
Dificuldades com a contagem através de cardinais e ordinais;
Problemas em visualizar um conjunto dentro de um conjunto maior;
Dificuldades com a conservação de quantidades (ex: 1 lt é o mesmo que 4 copos de 250 ml); Dificuldades com princípios de medida. 
O sujeito discalcúlico pode não apresentar todos estes fatores, mas a maioria com certeza se caracterizará, e é possível, também, que ele apresente outros novos, pois cada indivíduo é único e traz consigo histórias de vida diferentes. Outro aspecto a se levar em conta é que alguns discalcúlicos têm o seu raciocínio lógico intacto, porém têm extrema dificuldade em lidar com números, símbolos e fórmulas matemáticas. Outros, de acordo com Sacramento (2008 np), serão completamente capazes de solucionar representações simbólicas como 3+4=7, mas incapazes de resolver "João tinha três reais e ganhou mais quatro. Quantos reais ele tem ao todo?".  
ADAPTAÇÕES AO DISCALCÚLICO
Seguindo orientações da Associação Brasileira de Discalculia - ABD (apud SILVA, 2008, p.26) segue algumas possibilidades de ajuda:
 Permitir o uso de calculadora;
 Adotar o uso de caderno quadriculado;
Não estipular tempo nas provas, reduzir o número de questões (sendo estas claras e objetivas) e permitir o acompanhamento de um tutor para certificar que o aluno entendeu os enunciados;
 Evitar avaliações orais;
 Reduzir deveres de casa;
Ministrar algumas aulas livres de erros para que o indivíduo conheça o sucesso;
 É importante ter em mente que para os discalcúlicos nada é óbvio;
 Não descarte a possibilidade de se trabalhar com uma equipe multidisciplinar, em destaque o Psicopedagogo que trabalhará a autoestima, valorizando as atividades desenvolvidas pelo sujeito e descobrindo seu processo de aprendizagem e os instrumentos que auxiliarão no aprendizado;
  Optar por jogos para trabalhar seriação, classificação, psicomotricidade, habilidades espaciais e contagem;
 Deixar o aluno saber que o professor está ali para ajudá-lo e nunca para desestimulá-lo com atitudes e palavras que destaquem suas dificuldades. 
 Para um auxílio melhor é necessário que pessoas ligadas ao sujeito e dispostas a ajudá-lo levem em consideração sua história de vida, seus conhecimentos informais, condições sociológicas, psicológicas e culturais (PCNEF BRASIL, 1998 apud SILVA, 2008, p. 28).
COMO TRATAR E AUXILIAR O DISCALCÚLICOS.
Por ser um transtorno  psiconeurológico, de ordem congênita ou adquirida, seus sintomas, apesar de contornáveis, serão sempre uma  constante. O tratamento, portanto, terá a característica de um treinamento que visa amenizar os sintomas, corrigir os fatores contribuintes e resgatar a autoestima do paciente para que este tenha uma melhor qualidade de vida e autonomia para elaborar estratégias que viabilizem seu sucesso em tarefas que, outrora, lhe eram praticamente impossíveis de realizar. A recuperação de um discalcúlico é geralmente bem-sucedida quando aplicada passo a passo, respeitando o nível em que cada paciente se encontra e avançando gradativamente de acordo com seu ritmo. Cawley e Vitello (1972, apud GALLAGHER e KIRK, 1999) desenvolveram um modelo para o ensino da matemática onde há a interação aluno-professor dentro de uma unidade conceitual utilizando estilos de aprendizagem e fatores que a influenciam fazendo do aprendiz um operante. Contemporaneamente, Cawley e Goodstein (1972, apud GALLAGHER e KIRK, 1999) desenvolveram materiais que implementam o ensino e treinamento da matemática. Estes são chamados, segundo Gallagher (1999), de "o sistema de Cawley e Goodstein e os materiais de Montessori".
O ensino da matemática se trata de construir estruturas básicas de interação, classificação, correspondências, grupos etc., ou seja, o saber matemática vai além de ensinar cálculos (LIMA, 2000, apud SILVA, 2008). Como o lúdico é considerado um promotor de aprendizagem e construção de saber, também é visto como um mecanismo psicológico e pedagógico que contribui para o desenvolvimento mental e como um aliado na aquisição de estruturas psiconeurológicas essenciais para a cognição.
As atividades lúdicas devem ser valorizadas por que delas é possível desenvolver estratégias para a solução de problemas. Para os PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais) os jogos
[...] constituem uma forma interessante de propor problemas, pois permitem que estes sejam apresentados de modo interativo e favorecem a criatividade na elaboração de estratégias de resolução de problemas e busca de soluções. Propiciam a simulação de situações-problema que exigem soluções vivas e imediatas, o que estimula o planejamento das ações
[...] podem contribuir para um trabalho de formação de atitudes - enfrentar desafios, lançar-se a busca de soluções, desenvolvimento da crítica, da intuição, da criação de estratégias e da possibilidade de alterá-las quando o resultado não é satisfatório necessárias para a aprendizagem da Matemática (BRASIL, 1998, p. 46-47 apud SILVA, 2008, p. 29).
É notável a importância dada a "situações-problemas" que promovem estratégias criativas de resolução. Dante (1989, apud SILVA, 2008) apresenta um modelo de resolução de problemas por quatro etapas onde é preciso:
   Compreender o problema (análise do enunciado);
   Elaborar um plano (organizar os dados e se basear em experiências anteriores);
   Executar o plano elaborado (experimentar o plano);
   Examinar a solução encontrada (checar os resultados). 
Jogos como o Tangram, Trimu, Matix, Palitos, entre outros são sugestões de atividades promotoras de situações-problemas que podem ser utilizadas no tratamento clínico, pedagógico e na interação familiar do discalcúlico.
Fonte:  Texto da Monografia Camila Souza Domingues




A Discalculia, como os demais distúrbios, é uma disfunção neuropsicológica que interfere na aprendizagem da aritmética e gera dificuldades para lidar com cálculos e tudo que envolve sequência lógica. A matemática é uma ferramenta essencial para a sobrevivência do homem na sociedade cuja prática está inserida em nossa rotina, (VYGOTSKY apud SILVA, 2008, p. 11). Para o discalcúlico, a incapacidade aritmética acarreta prejuízos significativos por fracassos em tarefas diárias que revelam seu déficit e fazem emergir problemas sócios afetivos.
A discalculia é observada em indivíduos cuja inteligência é normal ou acima da média e que não apresentam deficiência auditiva, visual ou física, mas que falham no raciocínio lógico-matemático que se apresenta inferior à média esperada para sua idade cronológica, capacidade intelectual e nível de escolaridade. 
Os portadores desta desordem podem apresentar o comprometimento de outras habilidades importantes como:
    Habilidade Linguística (compreensão através da leitura e Conceitos escritos),
   Habilidade Perceptiva (reconhecimento de símbolos numéricos e discriminação de conjunto),
     Habilidade Atentiva (cópia correta e observação dos sinais na operação matemática) e
    Habilidade Matemática (cálculos em geral, capacidade de lidar com números no cotidiano, noção de espaço e tempo, e sequenciação como, por exemplo, os meses do ano e dias da semana). 
A Discalculia, por apresentar diferentes características relacionadas aos transtornos matemáticos, foi classificada em seis subtipos, pelos teóricos Johson e Myklebust (apud SILVA, 2008, p. 18):
Discalculia Verbal – dificuldades para nomear quantidades matemáticas, números, termos, símbolos e relações;
Discalculia Practognóstica - dificuldade para enumerar, comparar e manipular objetos, reais ou em imagens, matematicamente;
Discalculia Léxica – dificuldade na leitura de símbolos matemáticos;
Discalculia Gráfica – dificuldades na escrita de símbolos matemáticos;
Discalculia Ideognóstica – dificuldade em fazer operações mentais e na compreensão de conceitos matemáticos;
Discalculia Operacional – dificuldades na execução de operações e cálculos numéricos. 

Borges (2008) apresenta, ainda, outras duas desordens identificadas dentro da problemática discalcúlica:
Distúrbio de linguagem receptivo-auditiva e aritmética: O indivíduo é bem sucedido em cálculos, porém é inferior no que se refere ao raciocínio e vocabulário aritméticos.
Apresenta problemas de reorganização auditiva; não se recorda de números com agilidade (pode reconhecê-lo quando ouve, mas nem sempre consegue dizê-lo quando quer) e não é capaz de guardar os fatos quando ouve os enunciados quando apresentados oralmente.
Distúrbio de leitura e aritmética: É a relação Discalculia-Dislexia já descrita por muitos teóricos como Kirk e Gallagher (1999). Dá-se quando a Discalculia é originada por fatores também relacionados à Dislexia, pois ambas possuem aspectos relevantes no que diz respeito à  memória  temporária,  leitura  e  escrita.  Neste caso, o indivíduo apresenta dificuldades na compreensão leitora dos enunciados, inversões e distorções de numerais e dificuldades de se lembrar da aparência dos números. O indivíduo é incapaz de decodificar os símbolos e grafemas matemáticos, no entanto, é perfeitamente capaz de calcular quando os exercícios e enunciados são lidos em voz alta para ele. 
ETIOLOGIA
A etiologia desta desordem não é explicada por uma  causa única e simples, mas podem-se encontrar associações a fatores que problematizam o domínio da leitura e/ou da escrita. Estes fatores podem ter sua origem em causas pedagógicas, disfunções do sistema nervoso central e limitações na capacidade intelectual. Silva (2008) aponta 5 elementos que possivelmente estão relacionados à causa da Discalculia:
Imaturidade Neurológica: O bom desenvolvimento neurológico é fundamental para um funcionamento adequado do SNC e funções que se estabelecem de forma cronológica.
A imaturidade neurológica é apresentada em três graus leve (cuja reação é favorável à intervenção terapêutica), médio (representa o grau da maioria dos indivíduos com dificuldades em matemática) e limite (déficit intelectual provocado por lesão neurológica).
Fatores Linguísticos: A linguagem é essencial para a compreensão aritmética e dificuldades na interiorização da linguagem resultam na incapacidade de elaborar o pensamento.
Silva (2008, p. 20) diz que "[...] a resolução de problemas envolvem muitas questões de linguagem além da matemática". Portanto, sem o domínio linguístico, a decodificação do símbolo oral, sua quantidade e representação gráfica serão deficientes.
Fatores Psicológicos: Se dão através das alterações psíquicas no controle das funções de memória, atenção, percepção etc. 
Fatores Genéticos: Ainda se estudam o "gen" responsável pela herança destes distúrbios, mas nada foi confirmado até o momento. Contudo, já foram registrados casos significativos de discalcúlicos com antecedentes familiares. 
Fatores pedagógicos: Possíveis problemas no ensino de habilidades matemáticas e psicomotoras durante a fase de desenvolvimento e aquisição de tais funções.
COMO DIAGNOSTICAR A DISCALCULIA
Como já mencionado, a Discalculia não têm especificamente uma única causa, mas um conjunto delas que se relacionados a fatores internos e externos do sujeito é possível diagnosticá-la com sucesso e determinar seu tipo. Como todo distúrbio de aprendizagem, o processo de diagnóstico da discalculia requer observação minuciosa e atenção aos sintomas e fatores contribuintes.  Fatores internos e externos: Memória, atenção, percepção-motora, organização espacial, habilidade verbal, falta de consciência, falhas estratégicas, dificuldades em operacionalizar funções matemáticas simples, maneiras de se ensinar e aprender as habilidades aritméticas, ambiente de estudo e familiar, entre outros.
Uma observação importante feita por Silva (p. 24) é a de que o portador de discalculia escreve pouco por medo de errar, suas respostas são geralmente monossilábicas e dificilmente se expõe em atividades em grupo. Durante as sessões de diagnóstico de uma pessoa com suspeita de Discalculia é importante ficar atento aos sintomas e investigar seu histórico. 
Um discalcúlico apresenta:
    Lentidão extrema na realização das atividades aritméticas;
Dificuldades de orientação espacial;
   Dificuldades para lidar com operações matemáticas (adição, divisão, subtração, multiplicação);
    Dificuldade de memória de curto e longo prazo; 
    Dificuldades em seguir ordens  ou informações simultaneamente;
Problemas com a coordenação motora fina, ampla e perceptivo-tátil;
Dificuldades em armazenar informações;
Confusões com símbolos matemáticos;
Dificuldades para entender o vocabulário que define operações matemáticas;
Dificuldades com a sequenciação numérica (antecessor/sucessor);
Problemas relativos à Dislexia (processamento de linguagem);
Incapacidade para montar operações;
Ausência de problemas fonológicos;
Dificuldades em estabelecer correspondência quantitativa (ex: relacionar números de carteiras com números de aluno);
Dificuldades em relacionar grafemas matemáticos às respectivas quantidades;
Dificuldades em relacionar grafemas matemáticos ao seus símbolos auditivos;
Dificuldades com a contagem através de cardinais e ordinais;
Problemas em visualizar um conjunto dentro de um conjunto maior;
Dificuldades com a conservação de quantidades (ex: 1 lt é o mesmo que 4 copos de 250 ml); Dificuldades com princípios de medida. 
O sujeito discalcúlico pode não apresentar todos estes fatores, mas a maioria com certeza se caracterizará, e é possível, também, que ele apresente outros novos, pois cada indivíduo é único e traz consigo histórias de vida diferentes. Outro aspecto a se levar em conta é que alguns discalcúlicos têm o seu raciocínio lógico intacto, porém têm extrema dificuldade em lidar com números, símbolos e fórmulas matemáticas. Outros, de acordo com Sacramento (2008 np), serão completamente capazes de solucionar representações simbólicas como 3+4=7, mas incapazes de resolver "João tinha três reais e ganhou mais quatro. Quantos reais ele tem ao todo?".  
ADAPTAÇÕES AO DISCALCÚLICO
Seguindo orientações da Associação Brasileira de Discalculia - ABD (apud SILVA, 2008, p.26) segue algumas possibilidades de ajuda:
 Permitir o uso de calculadora;
 Adotar o uso de caderno quadriculado;
Não estipular tempo nas provas, reduzir o número de questões (sendo estas claras e objetivas) e permitir o acompanhamento de um tutor para certificar que o aluno entendeu os enunciados;
 Evitar avaliações orais;
 Reduzir deveres de casa;
Ministrar algumas aulas livres de erros para que o indivíduo conheça o sucesso;
 É importante ter em mente que para os discalcúlicos nada é óbvio;
 Não descarte a possibilidade de se trabalhar com uma equipe multidisciplinar, em destaque o Psicopedagogo que trabalhará a autoestima, valorizando as atividades desenvolvidas pelo sujeito e descobrindo seu processo de aprendizagem e os instrumentos que auxiliarão no aprendizado;
  Optar por jogos para trabalhar seriação, classificação, psicomotricidade, habilidades espaciais e contagem;
 Deixar o aluno saber que o professor está ali para ajudá-lo e nunca para desestimulá-lo com atitudes e palavras que destaquem suas dificuldades. 
 Para um auxílio melhor é necessário que pessoas ligadas ao sujeito e dispostas a ajudá-lo levem em consideração sua história de vida, seus conhecimentos informais, condições sociológicas, psicológicas e culturais (PCNEF BRASIL, 1998 apud SILVA, 2008, p. 28).
COMO TRATAR E AUXILIAR O DISCALCÚLICOS.
Por ser um transtorno  psiconeurológico, de ordem congênita ou adquirida, seus sintomas, apesar de contornáveis, serão sempre uma  constante. O tratamento, portanto, terá a característica de um treinamento que visa amenizar os sintomas, corrigir os fatores contribuintes e resgatar a autoestima do paciente para que este tenha uma melhor qualidade de vida e autonomia para elaborar estratégias que viabilizem seu sucesso em tarefas que, outrora, lhe eram praticamente impossíveis de realizar. A recuperação de um discalcúlico é geralmente bem-sucedida quando aplicada passo a passo, respeitando o nível em que cada paciente se encontra e avançando gradativamente de acordo com seu ritmo. Cawley e Vitello (1972, apud GALLAGHER e KIRK, 1999) desenvolveram um modelo para o ensino da matemática onde há a interação aluno-professor dentro de uma unidade conceitual utilizando estilos de aprendizagem e fatores que a influenciam fazendo do aprendiz um operante. Contemporaneamente, Cawley e Goodstein (1972, apud GALLAGHER e KIRK, 1999) desenvolveram materiais que implementam o ensino e treinamento da matemática. Estes são chamados, segundo Gallagher (1999), de "o sistema de Cawley e Goodstein e os materiais de Montessori".
O ensino da matemática se trata de construir estruturas básicas de interação, classificação, correspondências, grupos etc., ou seja, o saber matemática vai além de ensinar cálculos (LIMA, 2000, apud SILVA, 2008). Como o lúdico é considerado um promotor de aprendizagem e construção de saber, também é visto como um mecanismo psicológico e pedagógico que contribui para o desenvolvimento mental e como um aliado na aquisição de estruturas psiconeurológicas essenciais para a cognição.
As atividades lúdicas devem ser valorizadas por que delas é possível desenvolver estratégias para a solução de problemas. Para os PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais) os jogos
[...] constituem uma forma interessante de propor problemas, pois permitem que estes sejam apresentados de modo interativo e favorecem a criatividade na elaboração de estratégias de resolução de problemas e busca de soluções. Propiciam a simulação de situações-problema que exigem soluções vivas e imediatas, o que estimula o planejamento das ações
[...] podem contribuir para um trabalho de formação de atitudes - enfrentar desafios, lançar-se a busca de soluções, desenvolvimento da crítica, da intuição, da criação de estratégias e da possibilidade de alterá-las quando o resultado não é satisfatório necessárias para a aprendizagem da Matemática (BRASIL, 1998, p. 46-47 apud SILVA, 2008, p. 29).
É notável a importância dada a "situações-problemas" que promovem estratégias criativas de resolução. Dante (1989, apud SILVA, 2008) apresenta um modelo de resolução de problemas por quatro etapas onde é preciso:
   Compreender o problema (análise do enunciado);
   Elaborar um plano (organizar os dados e se basear em experiências anteriores);
   Executar o plano elaborado (experimentar o plano);
   Examinar a solução encontrada (checar os resultados). 
Jogos como o Tangram, Trimu, Matix, Palitos, entre outros são sugestões de atividades promotoras de situações-problemas que podem ser utilizadas no tratamento clínico, pedagógico e na interação familiar do discalcúlico.
Fonte:  Texto da Monografia Camila Souza Domingues



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