A Discalculia, como os demais distúrbios, é uma disfunção
neuropsicológica que interfere na aprendizagem da aritmética e gera
dificuldades para lidar com cálculos e tudo que envolve sequência lógica. A
matemática é uma ferramenta essencial para a sobrevivência do homem na
sociedade cuja prática está inserida em nossa rotina, (VYGOTSKY apud SILVA,
2008, p. 11). Para o discalcúlico, a incapacidade aritmética acarreta prejuízos
significativos por fracassos em tarefas diárias que revelam seu déficit e fazem
emergir problemas sócios afetivos.
A discalculia é observada em indivíduos cuja inteligência é normal
ou acima da média e que não apresentam deficiência auditiva, visual ou física,
mas que falham no raciocínio lógico-matemático que se apresenta inferior à
média esperada para sua idade cronológica, capacidade intelectual e nível de
escolaridade.
Os portadores desta desordem podem apresentar o comprometimento de
outras habilidades importantes como:
Habilidade Linguística
(compreensão através da leitura e Conceitos escritos),
Habilidade Perceptiva (reconhecimento de símbolos
numéricos e discriminação de conjunto),
Habilidade
Atentiva (cópia correta e observação dos sinais na operação matemática) e
Habilidade
Matemática (cálculos em geral, capacidade de lidar com números no cotidiano,
noção de espaço e tempo, e sequenciação como, por exemplo, os meses do ano e
dias da semana).
A Discalculia, por apresentar diferentes características
relacionadas aos transtornos matemáticos, foi classificada em seis subtipos,
pelos teóricos Johson e Myklebust (apud SILVA, 2008, p. 18):
Discalculia Verbal – dificuldades para
nomear quantidades matemáticas, números, termos, símbolos e relações;
Discalculia Practognóstica - dificuldade para
enumerar, comparar e manipular objetos, reais ou em imagens, matematicamente;
Discalculia Léxica – dificuldade na leitura
de símbolos matemáticos;
Discalculia Gráfica – dificuldades na escrita
de símbolos matemáticos;
Discalculia Ideognóstica – dificuldade em fazer
operações mentais e na compreensão de conceitos matemáticos;
Discalculia Operacional – dificuldades na
execução de operações e cálculos numéricos.
Borges (2008) apresenta, ainda, outras duas desordens
identificadas dentro da problemática discalcúlica:
Distúrbio de linguagem receptivo-auditiva e aritmética: O
indivíduo é bem sucedido em cálculos, porém é inferior no que se refere ao
raciocínio e vocabulário aritméticos.
Apresenta problemas de reorganização auditiva; não se recorda de
números com agilidade (pode reconhecê-lo quando ouve, mas nem sempre consegue
dizê-lo quando quer) e não é capaz de guardar os fatos quando ouve os
enunciados quando apresentados oralmente.
Distúrbio de leitura e aritmética: É a relação
Discalculia-Dislexia já descrita por muitos teóricos como Kirk e Gallagher
(1999). Dá-se quando a Discalculia é originada por fatores também relacionados
à Dislexia, pois ambas possuem aspectos relevantes no que diz respeito à
memória temporária, leitura e escrita. Neste
caso, o indivíduo apresenta dificuldades na compreensão leitora dos enunciados,
inversões e distorções de numerais e dificuldades de se lembrar da aparência
dos números. O indivíduo é incapaz de decodificar os símbolos e grafemas
matemáticos, no entanto, é perfeitamente capaz de calcular quando os exercícios
e enunciados são lidos em voz alta para ele.
ETIOLOGIA
A etiologia desta desordem não é explicada por uma causa
única e simples, mas podem-se encontrar associações a fatores que problematizam
o domínio da leitura e/ou da escrita. Estes fatores podem ter sua origem em
causas pedagógicas, disfunções do sistema nervoso central e limitações na
capacidade intelectual. Silva (2008) aponta 5 elementos que possivelmente estão
relacionados à causa da Discalculia:
Imaturidade Neurológica: O bom desenvolvimento neurológico é
fundamental para um funcionamento adequado do SNC e funções que se estabelecem
de forma cronológica.
A imaturidade neurológica é apresentada em três graus leve (cuja
reação é favorável à intervenção terapêutica), médio (representa o grau da
maioria dos indivíduos com dificuldades em matemática) e limite (déficit
intelectual provocado por lesão neurológica).
Fatores Linguísticos: A linguagem é essencial para a compreensão
aritmética e dificuldades na interiorização da linguagem resultam na
incapacidade de elaborar o pensamento.
Silva (2008, p. 20) diz que "[...] a resolução de
problemas envolvem muitas questões de linguagem além da matemática".
Portanto, sem o domínio linguístico, a decodificação do símbolo oral, sua
quantidade e representação gráfica serão deficientes.
Fatores Psicológicos: Se dão através das alterações psíquicas no
controle das funções de memória, atenção, percepção etc.
Fatores Genéticos: Ainda se estudam o "gen"
responsável pela herança destes distúrbios, mas nada foi confirmado até o
momento. Contudo, já foram registrados casos significativos de discalcúlicos
com antecedentes familiares.
Fatores pedagógicos: Possíveis problemas no ensino de habilidades
matemáticas e psicomotoras durante a fase de desenvolvimento e aquisição de
tais funções.
COMO DIAGNOSTICAR A DISCALCULIA
Como já mencionado, a Discalculia não têm especificamente uma
única causa, mas um conjunto delas que se relacionados a fatores internos e
externos do sujeito é possível diagnosticá-la com sucesso e determinar seu
tipo. Como todo distúrbio de aprendizagem, o processo de diagnóstico da
discalculia requer observação minuciosa e atenção aos sintomas e fatores
contribuintes. Fatores internos e externos: Memória, atenção,
percepção-motora, organização espacial, habilidade verbal, falta de
consciência, falhas estratégicas, dificuldades em operacionalizar funções
matemáticas simples, maneiras de se ensinar e aprender as habilidades
aritméticas, ambiente de estudo e familiar, entre outros.
Uma observação importante feita por Silva (p. 24) é a de que o
portador de discalculia escreve pouco por medo de errar, suas respostas são
geralmente monossilábicas e dificilmente se expõe em atividades em grupo.
Durante as sessões de diagnóstico de uma pessoa com suspeita de Discalculia é
importante ficar atento aos sintomas e investigar seu histórico.
Um discalcúlico apresenta:
Lentidão extrema na realização das atividades
aritméticas;
Dificuldades de orientação espacial;
Dificuldades de orientação espacial;
Dificuldades para
lidar com operações matemáticas (adição, divisão, subtração, multiplicação);
Dificuldade de memória
de curto e longo prazo;
Dificuldades em seguir
ordens ou informações simultaneamente;
Problemas com a coordenação
motora fina, ampla e perceptivo-tátil;
Dificuldades em armazenar informações;
Dificuldades em armazenar informações;
Confusões com símbolos matemáticos;
Dificuldades para entender o vocabulário que define operações
matemáticas;
Dificuldades com a sequenciação numérica (antecessor/sucessor);
Dificuldades com a sequenciação numérica (antecessor/sucessor);
Problemas relativos à Dislexia (processamento de linguagem);
Incapacidade para montar operações;
Ausência de problemas fonológicos;
Dificuldades em estabelecer correspondência quantitativa (ex:
relacionar números de carteiras com números de aluno);
Dificuldades em relacionar grafemas matemáticos às respectivas
quantidades;
Dificuldades em relacionar grafemas matemáticos ao seus símbolos auditivos;
Dificuldades com a contagem através de cardinais e ordinais;
Dificuldades em relacionar grafemas matemáticos ao seus símbolos auditivos;
Dificuldades com a contagem através de cardinais e ordinais;
Problemas em visualizar um conjunto dentro de um conjunto maior;
Dificuldades com a conservação de quantidades (ex: 1 lt é o mesmo
que 4 copos de 250 ml); Dificuldades com princípios de medida.
O
sujeito discalcúlico pode não apresentar todos estes fatores, mas a maioria com
certeza se caracterizará, e é possível, também, que ele apresente outros novos,
pois cada indivíduo é único e traz consigo histórias de vida diferentes. Outro
aspecto a se levar em conta é que alguns discalcúlicos têm o seu raciocínio
lógico intacto, porém têm extrema dificuldade em lidar com números, símbolos e
fórmulas matemáticas. Outros, de acordo com Sacramento (2008 np), serão completamente
capazes de solucionar representações simbólicas como 3+4=7, mas incapazes de
resolver "João tinha três reais e ganhou mais quatro. Quantos
reais ele tem ao todo?".
ADAPTAÇÕES AO DISCALCÚLICO
Seguindo orientações da Associação Brasileira de Discalculia - ABD (apud
SILVA, 2008, p.26) segue algumas possibilidades de ajuda:
Permitir o uso de calculadora;
Adotar o uso de caderno quadriculado;
Não estipular tempo nas provas, reduzir o número de questões
(sendo estas claras e objetivas) e permitir o acompanhamento de um tutor para
certificar que o aluno entendeu os enunciados;
Evitar avaliações orais;
Reduzir deveres de casa;
Ministrar algumas aulas livres de erros para que o indivíduo
conheça o sucesso;
É importante ter em mente que para os discalcúlicos nada é
óbvio;
Não descarte a possibilidade de se trabalhar com uma equipe
multidisciplinar, em destaque o Psicopedagogo que trabalhará a autoestima,
valorizando as atividades desenvolvidas pelo sujeito e descobrindo seu processo
de aprendizagem e os instrumentos que auxiliarão no aprendizado;
Optar por jogos para trabalhar seriação, classificação,
psicomotricidade, habilidades espaciais e contagem;
Deixar o aluno saber que o professor está ali para ajudá-lo
e nunca para desestimulá-lo com atitudes e palavras que destaquem suas
dificuldades.
Para um auxílio melhor é necessário que pessoas ligadas ao
sujeito e dispostas a ajudá-lo levem em consideração sua história de vida, seus
conhecimentos informais, condições sociológicas, psicológicas e culturais
(PCNEF BRASIL, 1998 apud SILVA, 2008, p. 28).
COMO TRATAR E AUXILIAR O DISCALCÚLICOS.
Por ser um transtorno psiconeurológico, de ordem congênita
ou adquirida, seus sintomas, apesar de contornáveis, serão sempre uma
constante. O tratamento, portanto, terá a característica de um treinamento que
visa amenizar os sintomas, corrigir os fatores contribuintes e resgatar a
autoestima do paciente para que este tenha uma melhor qualidade de vida e
autonomia para elaborar estratégias que viabilizem seu sucesso em tarefas que,
outrora, lhe eram praticamente impossíveis de realizar. A recuperação de um
discalcúlico é geralmente bem-sucedida quando aplicada passo a passo,
respeitando o nível em que cada paciente se encontra e avançando gradativamente
de acordo com seu ritmo. Cawley e Vitello (1972, apud GALLAGHER e KIRK, 1999)
desenvolveram um modelo para o ensino da matemática onde há a interação
aluno-professor dentro de uma unidade conceitual utilizando estilos de
aprendizagem e fatores que a influenciam fazendo do aprendiz um operante.
Contemporaneamente, Cawley e Goodstein (1972, apud GALLAGHER e KIRK, 1999)
desenvolveram materiais que implementam o ensino e treinamento da matemática.
Estes são chamados, segundo Gallagher (1999), de "o sistema de Cawley e
Goodstein e os materiais de Montessori".
O ensino da matemática se trata de construir estruturas básicas de
interação, classificação, correspondências, grupos etc., ou seja, o saber
matemática vai além de ensinar cálculos (LIMA, 2000, apud SILVA, 2008). Como o
lúdico é considerado um promotor de aprendizagem e construção de saber, também
é visto como um mecanismo psicológico e pedagógico que contribui para o
desenvolvimento mental e como um aliado na aquisição de estruturas
psiconeurológicas essenciais para a cognição.
As atividades lúdicas devem ser valorizadas por que delas é
possível desenvolver estratégias para a solução de problemas. Para os PCN
(Parâmetros Curriculares Nacionais) os jogos
[...] constituem uma forma interessante de propor problemas, pois
permitem que estes sejam apresentados de modo interativo e favorecem a
criatividade na elaboração de estratégias de resolução de problemas e busca de
soluções. Propiciam a simulação de situações-problema que exigem soluções vivas
e imediatas, o que estimula o planejamento das ações
[...] podem contribuir para um trabalho de formação de atitudes -
enfrentar desafios, lançar-se a busca de soluções, desenvolvimento da crítica,
da intuição, da criação de estratégias e da possibilidade de alterá-las quando
o resultado não é satisfatório necessárias para a aprendizagem da Matemática
(BRASIL, 1998, p. 46-47 apud SILVA, 2008, p. 29).
É notável a importância dada a "situações-problemas" que
promovem estratégias criativas de resolução. Dante (1989, apud SILVA, 2008)
apresenta um modelo de resolução de problemas por quatro etapas onde é
preciso:
Compreender o problema (análise do enunciado);
Elaborar um plano (organizar os dados e se basear em
experiências anteriores);
Executar o plano elaborado (experimentar o plano);
Examinar a solução encontrada (checar os
resultados).
Jogos como o Tangram, Trimu, Matix, Palitos, entre
outros são sugestões de atividades promotoras de situações-problemas que podem
ser utilizadas no tratamento clínico, pedagógico e na interação familiar do
discalcúlico.
Fonte: Texto da Monografia Camila Souza Domingues
A Discalculia, como os demais distúrbios, é uma disfunção
neuropsicológica que interfere na aprendizagem da aritmética e gera
dificuldades para lidar com cálculos e tudo que envolve sequência lógica. A
matemática é uma ferramenta essencial para a sobrevivência do homem na
sociedade cuja prática está inserida em nossa rotina, (VYGOTSKY apud SILVA,
2008, p. 11). Para o discalcúlico, a incapacidade aritmética acarreta prejuízos
significativos por fracassos em tarefas diárias que revelam seu déficit e fazem
emergir problemas sócios afetivos.
A discalculia é observada em indivíduos cuja inteligência é normal
ou acima da média e que não apresentam deficiência auditiva, visual ou física,
mas que falham no raciocínio lógico-matemático que se apresenta inferior à
média esperada para sua idade cronológica, capacidade intelectual e nível de
escolaridade.
Os portadores desta desordem podem apresentar o comprometimento de
outras habilidades importantes como:
Habilidade Linguística
(compreensão através da leitura e Conceitos escritos),
Habilidade Perceptiva (reconhecimento de símbolos
numéricos e discriminação de conjunto),
Habilidade
Atentiva (cópia correta e observação dos sinais na operação matemática) e
Habilidade
Matemática (cálculos em geral, capacidade de lidar com números no cotidiano,
noção de espaço e tempo, e sequenciação como, por exemplo, os meses do ano e
dias da semana).
A Discalculia, por apresentar diferentes características
relacionadas aos transtornos matemáticos, foi classificada em seis subtipos,
pelos teóricos Johson e Myklebust (apud SILVA, 2008, p. 18):
Discalculia Verbal – dificuldades para
nomear quantidades matemáticas, números, termos, símbolos e relações;
Discalculia Practognóstica - dificuldade para
enumerar, comparar e manipular objetos, reais ou em imagens, matematicamente;
Discalculia Léxica – dificuldade na leitura
de símbolos matemáticos;
Discalculia Gráfica – dificuldades na escrita
de símbolos matemáticos;
Discalculia Ideognóstica – dificuldade em fazer
operações mentais e na compreensão de conceitos matemáticos;
Discalculia Operacional – dificuldades na
execução de operações e cálculos numéricos.
Borges (2008) apresenta, ainda, outras duas desordens
identificadas dentro da problemática discalcúlica:
Distúrbio de linguagem receptivo-auditiva e aritmética: O
indivíduo é bem sucedido em cálculos, porém é inferior no que se refere ao
raciocínio e vocabulário aritméticos.
Apresenta problemas de reorganização auditiva; não se recorda de
números com agilidade (pode reconhecê-lo quando ouve, mas nem sempre consegue
dizê-lo quando quer) e não é capaz de guardar os fatos quando ouve os
enunciados quando apresentados oralmente.
Distúrbio de leitura e aritmética: É a relação
Discalculia-Dislexia já descrita por muitos teóricos como Kirk e Gallagher
(1999). Dá-se quando a Discalculia é originada por fatores também relacionados
à Dislexia, pois ambas possuem aspectos relevantes no que diz respeito à
memória temporária, leitura e escrita. Neste
caso, o indivíduo apresenta dificuldades na compreensão leitora dos enunciados,
inversões e distorções de numerais e dificuldades de se lembrar da aparência
dos números. O indivíduo é incapaz de decodificar os símbolos e grafemas
matemáticos, no entanto, é perfeitamente capaz de calcular quando os exercícios
e enunciados são lidos em voz alta para ele.
ETIOLOGIA
A etiologia desta desordem não é explicada por uma causa
única e simples, mas podem-se encontrar associações a fatores que problematizam
o domínio da leitura e/ou da escrita. Estes fatores podem ter sua origem em
causas pedagógicas, disfunções do sistema nervoso central e limitações na
capacidade intelectual. Silva (2008) aponta 5 elementos que possivelmente estão
relacionados à causa da Discalculia:
Imaturidade Neurológica: O bom desenvolvimento neurológico é
fundamental para um funcionamento adequado do SNC e funções que se estabelecem
de forma cronológica.
A imaturidade neurológica é apresentada em três graus leve (cuja
reação é favorável à intervenção terapêutica), médio (representa o grau da
maioria dos indivíduos com dificuldades em matemática) e limite (déficit
intelectual provocado por lesão neurológica).
Fatores Linguísticos: A linguagem é essencial para a compreensão
aritmética e dificuldades na interiorização da linguagem resultam na
incapacidade de elaborar o pensamento.
Silva (2008, p. 20) diz que "[...] a resolução de
problemas envolvem muitas questões de linguagem além da matemática".
Portanto, sem o domínio linguístico, a decodificação do símbolo oral, sua
quantidade e representação gráfica serão deficientes.
Fatores Psicológicos: Se dão através das alterações psíquicas no
controle das funções de memória, atenção, percepção etc.
Fatores Genéticos: Ainda se estudam o "gen"
responsável pela herança destes distúrbios, mas nada foi confirmado até o
momento. Contudo, já foram registrados casos significativos de discalcúlicos
com antecedentes familiares.
Fatores pedagógicos: Possíveis problemas no ensino de habilidades
matemáticas e psicomotoras durante a fase de desenvolvimento e aquisição de
tais funções.
COMO DIAGNOSTICAR A DISCALCULIA
Como já mencionado, a Discalculia não têm especificamente uma
única causa, mas um conjunto delas que se relacionados a fatores internos e
externos do sujeito é possível diagnosticá-la com sucesso e determinar seu
tipo. Como todo distúrbio de aprendizagem, o processo de diagnóstico da
discalculia requer observação minuciosa e atenção aos sintomas e fatores
contribuintes. Fatores internos e externos: Memória, atenção,
percepção-motora, organização espacial, habilidade verbal, falta de
consciência, falhas estratégicas, dificuldades em operacionalizar funções
matemáticas simples, maneiras de se ensinar e aprender as habilidades
aritméticas, ambiente de estudo e familiar, entre outros.
Uma observação importante feita por Silva (p. 24) é a de que o
portador de discalculia escreve pouco por medo de errar, suas respostas são
geralmente monossilábicas e dificilmente se expõe em atividades em grupo.
Durante as sessões de diagnóstico de uma pessoa com suspeita de Discalculia é
importante ficar atento aos sintomas e investigar seu histórico.
Um discalcúlico apresenta:
Lentidão extrema na realização das atividades
aritméticas;
Dificuldades de orientação espacial;
Dificuldades de orientação espacial;
Dificuldades para
lidar com operações matemáticas (adição, divisão, subtração, multiplicação);
Dificuldade de memória
de curto e longo prazo;
Dificuldades em seguir
ordens ou informações simultaneamente;
Problemas com a coordenação
motora fina, ampla e perceptivo-tátil;
Dificuldades em armazenar informações;
Dificuldades em armazenar informações;
Confusões com símbolos matemáticos;
Dificuldades para entender o vocabulário que define operações
matemáticas;
Dificuldades com a sequenciação numérica (antecessor/sucessor);
Dificuldades com a sequenciação numérica (antecessor/sucessor);
Problemas relativos à Dislexia (processamento de linguagem);
Incapacidade para montar operações;
Ausência de problemas fonológicos;
Dificuldades em estabelecer correspondência quantitativa (ex:
relacionar números de carteiras com números de aluno);
Dificuldades em relacionar grafemas matemáticos às respectivas
quantidades;
Dificuldades em relacionar grafemas matemáticos ao seus símbolos auditivos;
Dificuldades com a contagem através de cardinais e ordinais;
Dificuldades em relacionar grafemas matemáticos ao seus símbolos auditivos;
Dificuldades com a contagem através de cardinais e ordinais;
Problemas em visualizar um conjunto dentro de um conjunto maior;
Dificuldades com a conservação de quantidades (ex: 1 lt é o mesmo
que 4 copos de 250 ml); Dificuldades com princípios de medida.
O
sujeito discalcúlico pode não apresentar todos estes fatores, mas a maioria com
certeza se caracterizará, e é possível, também, que ele apresente outros novos,
pois cada indivíduo é único e traz consigo histórias de vida diferentes. Outro
aspecto a se levar em conta é que alguns discalcúlicos têm o seu raciocínio
lógico intacto, porém têm extrema dificuldade em lidar com números, símbolos e
fórmulas matemáticas. Outros, de acordo com Sacramento (2008 np), serão completamente
capazes de solucionar representações simbólicas como 3+4=7, mas incapazes de
resolver "João tinha três reais e ganhou mais quatro. Quantos
reais ele tem ao todo?".
ADAPTAÇÕES AO DISCALCÚLICO
Seguindo orientações da Associação Brasileira de Discalculia - ABD (apud
SILVA, 2008, p.26) segue algumas possibilidades de ajuda:
Permitir o uso de calculadora;
Adotar o uso de caderno quadriculado;
Não estipular tempo nas provas, reduzir o número de questões
(sendo estas claras e objetivas) e permitir o acompanhamento de um tutor para
certificar que o aluno entendeu os enunciados;
Evitar avaliações orais;
Reduzir deveres de casa;
Ministrar algumas aulas livres de erros para que o indivíduo
conheça o sucesso;
É importante ter em mente que para os discalcúlicos nada é
óbvio;
Não descarte a possibilidade de se trabalhar com uma equipe
multidisciplinar, em destaque o Psicopedagogo que trabalhará a autoestima,
valorizando as atividades desenvolvidas pelo sujeito e descobrindo seu processo
de aprendizagem e os instrumentos que auxiliarão no aprendizado;
Optar por jogos para trabalhar seriação, classificação,
psicomotricidade, habilidades espaciais e contagem;
Deixar o aluno saber que o professor está ali para ajudá-lo
e nunca para desestimulá-lo com atitudes e palavras que destaquem suas
dificuldades.
Para um auxílio melhor é necessário que pessoas ligadas ao
sujeito e dispostas a ajudá-lo levem em consideração sua história de vida, seus
conhecimentos informais, condições sociológicas, psicológicas e culturais
(PCNEF BRASIL, 1998 apud SILVA, 2008, p. 28).
COMO TRATAR E AUXILIAR O DISCALCÚLICOS.
Por ser um transtorno psiconeurológico, de ordem congênita
ou adquirida, seus sintomas, apesar de contornáveis, serão sempre uma
constante. O tratamento, portanto, terá a característica de um treinamento que
visa amenizar os sintomas, corrigir os fatores contribuintes e resgatar a
autoestima do paciente para que este tenha uma melhor qualidade de vida e
autonomia para elaborar estratégias que viabilizem seu sucesso em tarefas que,
outrora, lhe eram praticamente impossíveis de realizar. A recuperação de um
discalcúlico é geralmente bem-sucedida quando aplicada passo a passo,
respeitando o nível em que cada paciente se encontra e avançando gradativamente
de acordo com seu ritmo. Cawley e Vitello (1972, apud GALLAGHER e KIRK, 1999)
desenvolveram um modelo para o ensino da matemática onde há a interação
aluno-professor dentro de uma unidade conceitual utilizando estilos de
aprendizagem e fatores que a influenciam fazendo do aprendiz um operante.
Contemporaneamente, Cawley e Goodstein (1972, apud GALLAGHER e KIRK, 1999)
desenvolveram materiais que implementam o ensino e treinamento da matemática.
Estes são chamados, segundo Gallagher (1999), de "o sistema de Cawley e
Goodstein e os materiais de Montessori".
O ensino da matemática se trata de construir estruturas básicas de
interação, classificação, correspondências, grupos etc., ou seja, o saber
matemática vai além de ensinar cálculos (LIMA, 2000, apud SILVA, 2008). Como o
lúdico é considerado um promotor de aprendizagem e construção de saber, também
é visto como um mecanismo psicológico e pedagógico que contribui para o
desenvolvimento mental e como um aliado na aquisição de estruturas
psiconeurológicas essenciais para a cognição.
As atividades lúdicas devem ser valorizadas por que delas é
possível desenvolver estratégias para a solução de problemas. Para os PCN
(Parâmetros Curriculares Nacionais) os jogos
[...] constituem uma forma interessante de propor problemas, pois
permitem que estes sejam apresentados de modo interativo e favorecem a
criatividade na elaboração de estratégias de resolução de problemas e busca de
soluções. Propiciam a simulação de situações-problema que exigem soluções vivas
e imediatas, o que estimula o planejamento das ações
[...] podem contribuir para um trabalho de formação de atitudes -
enfrentar desafios, lançar-se a busca de soluções, desenvolvimento da crítica,
da intuição, da criação de estratégias e da possibilidade de alterá-las quando
o resultado não é satisfatório necessárias para a aprendizagem da Matemática
(BRASIL, 1998, p. 46-47 apud SILVA, 2008, p. 29).
É notável a importância dada a "situações-problemas" que
promovem estratégias criativas de resolução. Dante (1989, apud SILVA, 2008)
apresenta um modelo de resolução de problemas por quatro etapas onde é
preciso:
Compreender o problema (análise do enunciado);
Elaborar um plano (organizar os dados e se basear em
experiências anteriores);
Executar o plano elaborado (experimentar o plano);
Examinar a solução encontrada (checar os
resultados).
Jogos como o Tangram, Trimu, Matix, Palitos, entre
outros são sugestões de atividades promotoras de situações-problemas que podem
ser utilizadas no tratamento clínico, pedagógico e na interação familiar do
discalcúlico.
Fonte: Texto da Monografia Camila Souza Domingues
Nenhum comentário:
Postar um comentário